Programa Erasmus promove mobilidade acadêmica há 25 anos
17 de junho de 2012Bianca Lopez ainda se entusiasma ao falar do semestre que passou em Madri. A estudante de psicologia de Bonn, no oeste da Alemanha, tem descendência espanhola, mas cresceu com o alemão como língua materna. Em 2009, para conhecer melhor a cultura do país ibérico, ela frequentou a Universidade Complutense de Madri. “Entrei na faculdade direto da escola e viver algo novo antes de ingressar no mercado de trabalho”, declarou Bianca.
Já Sebastian Schulz repetiu a experiência de estudar no exterior durante o ensino superior. O estudante de geografia já havia viajado pela Nova Zelândia antes de iniciar a universidade e queria aperfeiçoar os conhecimentos do inglês adquiridos por lá. Escolheu ir para Cork, na Irlanda, justamente para fugir de destinos turísticos como Espanha e França, os mais populares entre quem participa do Erasmus. "Queria explorar eu mesmo um país estrangeiro”, disse.
25 anos de sucesso
Bianca e Sebastian fazem parte dos cerca de 30 mil estudantes alemães que a cada ano viajam para o exterior através do Erasmus. Há 25 anos, o programa promove o intercâmbio de estudantes e professores em universidades parceiras em 33 países. O Erasmus oferece ao estudante uma vaga na universidade, suporte local e um “subsídio de mobilidade” de cerca de 300 euros mensais. Os estudantes são isentos de taxas universitárias.
O programa é uma história de sucesso iniciada como um experimento em 1987, diz Siegbert Wuttig, diretor da Agência Nacional para Cooperação Universitária na União Europeia (UE) do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). “Erasmus virou sinônimo de estadia no exterior para estudantes”, afirma.
Além do aprendizado acadêmico, o programa incentiva também o aprendizado cultural e a convivência no exterior. “Mas a experiência deve sempre representar um avanço real nos estudos e uma contribuição para a futura carreira dos participantes”, destaca Wuttig.
Experiências interculturais
Segundo uma pesquisa recente, um terço dos universitários alemães passa ao menos um semestre estudando no exterior. O Erasmus melhorou significativamente as condições para essa mobilidade. Os serviços de apoio a estudantes estrangeiros aumentaram significativamente nas instituições de ensino, fornecendo informações aos estudantes que querem estudar no exterior e também auxiliando os visitantes estrangeiros.
Em complemento à experiência acadêmica, a vivência pessoal é um dos principais fatores que atraem estudantes ao programa. “Me tornei muito mais independente do que eu era durante os estudos na Alemanha”, conta Bianca.
Recordes e planos para o futuro
Os créditos acadêmicos que Bianca e Sebastian obtiveram no exterior foram reconhecidos por suas universidades de origem na Alemanha. Mas nem sempre isso acontece. Frequentemente, o reconhecimento de disciplinas cursadas no exterior pode ser um problema, mesmo com cursos de graduação e mestrado seguindo padrões internacionais. Apesar disso, o número de estudantes que participam do programa não para de subir e alcançaram recordes no ano acadêmico 2010/2011.
Passar um semestre no exterior é uma tendência visível entre os estudantes, aponta Wutting. E isso não se deve apenas ao fato de que os calendários de graduação e mestrado apertados não costumam permitir longas estadias no exterior, mas também ao fato de cada vez mais estudantes enxergarem esse semestre em outro país como uma qualificação chave para a carreira profissional.
Pontapé inicial
Há alguns anos, o Erasmus sentiu a necessidade de completar seu programa com estágios no exterior. Os estudantes procuram uma vaga de estágio por conta própria, mas recebem do programa um subsídio de mobilidade, além o suporte para o planejamento do estágio.
Bianca e Sebastian entusiasmaram-se tanto com a experiência do que hoje ambos estão envolvidos com a rede de estudantes do programa. Eles auxiliam estrangeiros não só com procedimentos administrativos, mas também planejam excursões e cozinham juntos.
O Erasmus tem muito a realizar nos próximos 25 anos. É possível que haja até mesmo uma expansão do programa para além das fronteiras da Europa, considera Wuttig.
Autora: Nina Treude (mas)
Revisão: Luisa Frey