Protesto anti-Trump acaba em confronto no Líbano
10 de dezembro de 2017Os protestos contra a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel entraram em seu quarto dia neste domingo (10/12). Confrontos violentos foram registrados no Líbano, e um oficial israelense foi esfaqueado em Jerusalém.
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A polícia local informou que um palestino de 24 anos, que mora na Cisjordânia ocupada, atacou um segurança ao se aproximar de um detector de metais em uma das entradas do principal terminal de ônibus de Jerusalém. O suspeito foi detido, e o oficial israelense está em estado greve.
Enquanto isso, em Beirute, forças de segurança libanesas reprimiram, com uso de gás lacrimogêneo e canhões de água, um protesto realizado nas imediações da embaixada americana. O Líbano abriga quase 500 mil refugiados palestinos, o que representa aproximadamente 10% da população do país.
Os manifestantes – muitos erguendo bandeiras palestinas – atearam fogo em pneus e tonéis de lixo, queimaram bandeiras dos Estados Unidos e de Israel e lançaram garrafas contra os policiais que haviam feito uma barricada na avenida principal que dá acesso ao complexo da embaixada.
Segundo a imprensa internacional, a manifestação ocorreu a algumas centenas de metros da sede diplomática e não apresentou uma ameaça direta a seus funcionários.
O responsável pela Cruz Vermelha libanesa, Georges Kettaneh, informou à agência de notícias Efe que sete pessoas foram levadas ao hospital, enquanto 42 foram atendidas no local da manifestação, que terminou ao meio-dia (hora local) após várias horas de tensão entre manifestantes e policiais. A imprensa local relatou ainda a detenção de vários manifestantes.
O Líbano, em reunião extraordinária da Liga Árabe, na noite deste sábado, para discutir o reconhecimento de Jerusalém, sugeriu sanções dos Estados árabes contra os EUA para evitar a transferência da embaixada americana em Israel.
"Devem ser tomadas medidas cautelares contra esta decisão", disse o ministro do Exterior libanês, Gebran Bassil. "Em primeiro lugar, devem ser tomadas medidas diplomáticas, e depois políticas, seguidas de sanções econômicas e financeiras."
Neste domingo, o papa Francisco fez um apelo à comunidade internacional para que evite "uma nova espiral de violência" em Jerusalém, "respondendo, com palavras e ações, aos anseios de paz, de justiça e segurança das populações dessa terra atormentada", afirmou a Santa Sé em comunicado.
O Vaticano disse ainda acompanhar "com grande atenção a evolução da situação no Oriente Médio, especialmente em Jerusalém, uma cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos de todo o mundo", acrescentando que o papa lamenta "os enfrentamentos que causaram vítimas nos últimos dias".
Tensão no Oriente Médio
Na quarta-feira passada, Trump anunciou que vai transferir a embaixada americana de Tel Aviv – onde estão as embaixadas de outros países – para Jerusalém, ignorando alertas de líderes estrangeiros sobre os riscos que a medida possa trazer aos esforços de paz no Oriente Médio.
A decisão, que acarreta o reconhecimento da cidade disputada como capital do governo israelense, logo provocou reações indignadas de entidades e líderes internacionais, incluindo aliados de Washington na Europa e no Oriente Médio.
O anúncio de Trump ainda levou ao acirramento da violência na região, marcada por dias de intensos protestos de palestinos e pela repressão das forças de segurança israelenses. Confrontos entre as duas partes deixaram dois palestinos mortos na Faixa de Gaza na sexta-feira.
Além disso, na madrugada do sábado,outros dois corpos foram encontrados na mesma região após bombardeios do Exército de Israel contra posições militares do movimento Hamas.
Israel considera Jerusalém sua capital "eterna e indivisível", enquanto os palestinos defendem que a parte leste de Jerusalém deve ser a capital de seu almejado Estado.
As Nações Unidas estabelecem que o status de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelenses e palestinos, razão pela qual os países com representação diplomática em Israel têm suas embaixadas em Tel Aviv e imediações.
EK/afp/dpa/efe/rtr
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