Protestos contra governo redundam em violência na Bolívia
12 de novembro de 2022Manifestantes se chocaram com a política antimotim na maior cidade da Bolívia, Santa Cruz de la Sierra, nesta sexta-feira (11/11), após três semanas de greves gerais cercadas por distúrbios. Opositores do presidente esquerdista Luis Arce também entraram em confrontações com manifestantes de grupos alinhados com o governo, inclusive transportadores e comerciantes.
A televisão local enfocou lutas envolvendo coquetéis molotov, motocicletas, morteiros, pedras e bastões. A polícia empregou gás lacrimogêneo, entre outros meios. A emissora Unitel mostrou imagens dos escritórios da Federação de Agricultores de Santa Cruz sendo saqueados e incendiados por adversários. A organização sindical é considerada afim ao governo.
A região no leste boliviano é um reduto da oposição direitista. Parte de seus habitantes exige um novo recenseamento imediato, alegando que Santa Cruz paga mais impostos do que recebe em serviços. Se os resultados da apuração mostrarem que a população regional cresceu, ela teria direito a mais verbas públicas e mais assentos no Congresso em La Paz. O próximo censo está marcado para 2024, o último foi em 2012.
Reações do governo, violência contra imprensa
Foram registrados oficialmente quatro mortos e 178 feridos nos choques das últimas três semanas em Santa Cruz. O governo federal culpa o governador provincial, Luis Fernando Camacho, pelos distúrbios, iniciados em 22 de outubro, quando ele e outros grupos oposicionistas convocaram greves.
Segundo o ministro da Economia, Marcelo Montenegro, a paralisação já custou o equivalente a 700 milhões de dólares, agravando a escassez de alimentos e forçando a alta dos preços.
O ministro do Interior, Eduardo del Castillo, afirmou que o contraprotesto pró-governo em Santa Cruz tratou-se "uma marcha pacífica do povo que foi brutalmente atacado por setores radicais financiados à procura de conflito". Na versão do governador Camacho, em contrapartida, os manifestantes teriam sido "preparados" pela polícia e o Movimento ao Socialismo (MAS), de Arce.
Por sua vez, grêmios nacionais de imprensa, a Defensoria do Povo e organizações internacionais como a Human Rights Watch (HRW) condenaram as agressões pelo partido governamental contra profissionais que cobriam o conflito, e exigiram das autoridades garantias para a midia.
"Repudiamos a extrema violência exercida por grupos de choque do MAS contra jornalistas que cobrem os incidentes da greve por tempo indeterminado em Santa Cruz", assinalaram a Associação Nacional de Jornalistas da Bolívia (ANPB) e a Associação de Jornalistas de La Paz (APLP), em comunicado conjunto.
av (EFE,AFP,Reuters)