Protestos acabam em violência no Rio e em São Paulo
29 de abril de 2017Confrontos entre a polícia e manifestantes foram registrados nesta sexta-feira (28/04) no Rio de Janeiro e São Paulo durante os protestos contra as reformas promovidas pelo governo do presidente Michel Temer na Previdência e na legislação trabalhista.
Policiais e manifestantes entraram em choque no centro do Rio de Janeiro. O ato que acontecia na Cinelândia teve que ser interrompido por meia hora após a polícia usar gás lacrimogêneo e balas de borracha para tentar dispersar a manifestação. As bombas atingiram o palco onde lideranças políticas, sindicais e estudantis se preparavam para discursar. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas. Ao menos oito ônibus foram incendiados na capital fluminense.
Em São Paulo, manifestantes e policiais também entraram em confronto no centro da cidade e pelo menos 16 pessoas foram presas. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar o protesto. No início da noite, agências bancárias foram depredadas na capital paulista. Embates também ocorreram numa manifestação que aconteceu em frente à casa de Temer. Grupos fizeram barricadas e jogaram pedras na polícia, que respondeu com bombas de efeito moral.
Incidente semelhante foi registrado ainda em Goiânia, onde pelo menos um manifestante ficou gravemente ferido. Em Fortaleza uma agência bancária foi depredada.
Apesar dos incidentes, a maioria dos atos ocorreu de forma pacífica. Os protestos que fazem parte da greve geral convocada por nove centrais sindicais atingiram 26 estados e o Distrito Federal. Segundo um levantamento do site G1, a polícia estima que os protestos nas capitais e diversas cidades reuniram cerca de 97 mil pessoas. A estimativa dos organizadores é de que mais de 1,3 milhão de pessoas participaram das manifestações pelo país.
Greve geral
Além de manifestações, trabalhadores em diversas cidades também pararam nesta sexta-feira contra as reformas do governo Temer. A paralisação teria atingindo ainda 45% da força trabalhista no país, segundo a Força Sindical. De acordo com a central, cerca de 40 milhões de trabalhadores aderiram à greve geral.
Em diversos estados, as paralisações atingem setores-chave, como o transporte público. A paralisação provocou um efeito cascata em várias capitais. Com as zonas centrais esvaziadas pela falta de transporte e com a dificuldade encontrada por funcionários para chegar ao trabalho, vários comerciantes resolveram fechar as portas. Em São Paulo, três dezenas de categorias aderiram à paralisação, entre motoristas, metroviários, ferroviários, bancários, funcionários dos correios e professores das redes municipais, estaduais e particular.
A capital paulista amanheceu sem ônibus e com o metrô e a linhas da CPTM funcionando parcialmente, mas a circulação de trens voltou a funcionar parcialmente no início da tarde. Várias barricadas foram montadas por manifestantes em diferentes pontos da cidade para interromper a circulação viária. Havia expectativa de que os aeroportos de Congonhas e Guarulhos ficassem paralisados com a adesão dos aeroviários à greve, mas foram registrados apenas alguns atrasos e cancelamentos e os voos já operam normalmente.
Houve registro de bloqueios em várias rodovias do país. Em Porto Alegre, um grupo bloqueou a ponte sobre o rio Guaíba. No Rio de Janeiro, manifestantes impederiam o acesso às barcas que fazem o transporte para Niterói e um grupo chegou a bloquear a ponte que faz a ligação com o município vizinho. Manifestantes também bloquearam várias vias da cidade, como Avenida Radial Oeste, Linha Vermelha, Avenida Dom João 6º, Avenida Abelardo Bueno, Via Expressa do Porto e Túnel Marcello Alencar. Ainda no Rio, a frota de ônibus operava parcialmente nesta manhã, mas já funcionava normalmente no início da tarde. Trens e metrô funcionaram normalmente.
Algumas refinarias da Petrobras também tiveram os acessos bloqueados por grevistas, e o trabalho foi paralisado nas cinco principais montadoras do ABC Paulista. Outras capitais, como Salvador, São Luís, Curitiba, João Pessoa, Brasília, Recife e Porto Alegre, ficaram totalmente sem ônibus. Em Belo Horizonte, o transporte público operou parcialmente. Jornais brasileiros publicaram fotos de dezenas de terminais urbanos completamente vazios. Agências bancárias fecharam em Fortaleza e Vitória e em parte do Rio de Janeiro.
Em Brasília, o governo local instalou barreiras na Esplanada do Ministérios para eventualmente conter manifestantes. Policiais do Exército foram colocados de prontidão para patrulhar o entorno do Palácio do Planalto. As vias de acesso ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek chegaram a ser bloqueadas com pneus e fogo por manifestantes, mas já estão liberadas, e o tráfego flui sem problemas. Os ônibus e o metrô também ficaram parados.
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