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Protestos em Gaza terminam com mortos e feridos

6 de abril de 2018

Milhares voltam a protestar na Faixa de Gaza e enfrentam dura resistência do Exército israelense, que posiciona atiradores de elite na fronteira. Ato termina em confrontos, com ao menos sete mortos entre os palestinos.

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Palestinos queimaram pneus para criar cortina de fumaça em protesto
Palestinos queimaram pneus para criar cortina de fumaçaFoto: picture-alliance/Xinhua/K. Omar

Ao menos sete palestinos morreram e dezenas ficaram feridos nesta sexta-feira (06/04) em protestos que reuniram milhares de pessoas na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel. Segundo autoridades de saúde palestina, os mortos foram atingidos por disparos feitos por soldados israelenses.

Esse foi o segundo grande protesto, convocado pelo Hamas, na região em uma semana. Na série de manifestações, chamada "A Grande Marcha do Retorno", os palestinos repudiam o bloqueio de Israel, imposto há mais de uma década, e reivindicam o direito de retorno dos refugiados e seus descendentes às terras de onde foram expulsos ou fugiram após a criação do Estado de Israel, em 1948.

O governo israelense, no entanto, acusa o Hamas de usar os protestos para atacar a fronteira e advertiu que quem se aproximar da cerca estará colocando a vida em risco. Israel descarta ainda o direito de retorno dos palestinos, temendo que o país possa perder a maioria judaica.

Durante os protestos desta sexta-feira em Gaza, os palestinos incendiaram pneus para criar uma cortina de fumaça e bloquear a visão dos soldados israelenses. Os manifestantes entraram em confronto com os militares. Os palestinos lançaram pedras contra os soldados, que responderam com gás lacrimogêneo e tiros.

O Exército israelense afirmou que, em meio à fumaça, os manifestantes lançaram também bombas e explosivos e que houve várias tentativas frustradas de cruzamento da fronteira.

Os militares israelenses posicionaram atiradores de elite de seu lado da fronteira para impedir que palestinos tentem romper a cerca que dá acesso a seu território. 

Segundo o Ministério de Saúde de Gaza, mais de mil pessoas ficaram feridas nos protestos, 293 foram atingidas por tiros. Entre os feridos há mulheres e menores de idade. Entre os mortos há um jovem de 16 e outro de 17 anos.

Manifestantes entraram em confronto com soldados israelenses
Manifestantes entraram em confronto com soldados israelensesFoto: Reuters/I. A. Mustafa

Em Malaka, na região central de Gaza, onde se encontra um dos cinco acampamentos de protesto estabelecidos no território, era visível uma ampla presença de equipes médicas e ambulâncias, como parte do dispositivo desdobrado pelos serviços de emergência.

Na Cisjordânia também ocorreram confrontos entre jovens palestinos e tropas israelenses em diferentes postos de controle, que responderam com material antidistúrbios aos lançamentos de pedras e coquetéis molotov.

O Ministério da Saúde informou que três pessoas foram atendidas no hospital de Ramallah, dois com ferimentos na cabeça e um terceiro ferido na perna. O Crescente Vermelho atendeu seis feridos com bala de borracha perto de um posto militar no norte de Ramallah.

Na cidade de Hebron, na Cisjordânia, também foram registrados confrontos entre a população local e as tropas israelenses.

No primeiro protesto da série convocada pelo Hamas, em 30 de março, 19 palestinos foram mortos. Esse foi o dia mais mortal no território desde a guerra de 2014 com Israel. A ONU e a União Europeia pediram um "inquérito independente" sobre a utilização por Israel de balas, algo que o governo israelense rejeitou.

A manifestação marcou o início de uma série de protestos previstos para durar seis semanas. A previsão é que os protestos se estendam até 15 de maio, data simbólica, chamada pelos palestinos de Nakba, ou "catástrofe", que marca a lembrança do deslocamento de centenas de milhares de palestinos do atual território israelense após a criação do Estado judeu em 1948. 

Estima-se que a maioria dos 2 milhões de palestinos que vivem em Gaza são refugiados. Desde 2007, após o Hamas assumir o poder no território, Israel impôs um bloqueio econômico, devastando a economia local, dificultou a entrada e saída no território e cortou o fornecimento contínuo de energia elétrica.

CN/efe/lusa/ap/rtr

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