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Protestos no Irã dividem Conselho de Segurança

6 de janeiro de 2018

Embaixador iraniano na ONU diz que país tem evidências de que manifestações foram orquestradas do exterior. EUA alertam que mundo está observando o Irã, enquanto Rússia diz que Teerã deve lidar com os próprios problemas.

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Nikki Haley em reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o Irã
Nikki Haley (centro): "Liberdade e dignidade humana não podem ser separadas de paz e segurança"Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Altaffer

O Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência nesta sexta-feira (05/01), a pedido dos EUA, para discutir os protestos antigovernamentais ocorridos nos últimos dias no Irã, que resultaram em mais de 20 mortes.

Traçando um paralelo com a Síria, a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, argumentou que os protestos iranianos – primeiro contra e depois a favor das autoridades em Teerã – poderiam escalar para um conflito.

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"Liberdade e dignidade humana não podem ser separadas de paz e segurança", disse Haley. "O regime iraniano está avisado: o mundo vai observar o que vocês fazem."

O presidente americano, Donald Trump, expressou na última quarta-feira "respeito pelo povo iraniano que tenta recuperar seu governo corrupto", prometendo "grande apoio dos Estados Unidos no momento apropriado".

"Abuso dos EUA”

O embaixador iraniano na ONU, Gholamali Khoshroo, disse ao Conselho de Segurança que seu governo tem "evidências concretas" de que os protestos foram orquestrados a partir do exterior. Ele afirmou que os EUA abusaram de sua posição de membro permanente do conselho para impor uma reunião sobre o Irã.

"É lamentável que, apesar da resistência por parte de alguns de seus membros, este conselho tenha se permitido ser abusado pelo atual governo dos EUA ao realizar uma reunião sobre uma assunto que está fora do escopo de seu mandato", disse Khoshroo.

Rússia e França argumentaram de maneira similar ser cedo demais para discutir a questão na ONU. O embaixador francês nas Nações Unidas, François Delattre, afirmou que apesar de estar alarmado com os atos de violência nas ruas do Irã, eles não representam uma ameaça internacional à paz e à segurança e, portanto, não são realmente um assunto para o Conselho de Segurança.

"Precisamos [a comunidade internacional] ficar atentos a qualquer tentativa de explorar esta crise para fins pessoais", afirmou Delattre.

O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, disse que os EUA estão "abusando da plataforma do Conselho de Segurança" ao convocar uma reunião de emergência sobre a situação no Irã.

"Nós obviamente lamentamos a perda de vidas como resultados de manifestações que não foram tão pacíficas, mas deixemos o Irã lidar com seus próprios problemas", disse.

As declarações de Nebenzia ecoaram as do vice-ministro do Exterior russo, Sergei Rybakov, que acusou os EUA de "descaradamente" interferir numa "situação de interesse puramente nacional para o Irã".

Onda de protestos

A recente onda de protestos no Irã começou em 28 de dezembro na cidade de Mashhad e foi considerada a maior desde a revolta de 2009, quando uma série de manifestações tomou as ruas do país contra supostas fraudes eleitorais a favor do linha-dura Mahmoud Ahmadinejad, logo se tornando um movimento de maior escala de contestação ao regime dos aiatolás.

Desta vez, os protestos tiveram inicialmente a inflação e o desemprego como alvo, mas logo ganharam tom político, com críticas ao presidente Hassan Rohani e ao líder supremo iraniano, Ali Khamenei.

As autoridades iranianas, ao invés de reconhecer o descontentamento social com a situação econômica do país, optaram por decretar os protestos ilegais e responsabilizar uma conspiração estrangeira pelos distúrbios.

Além dos ao menos 22 mortos, mais de mil pessoas foram detidas. Após as manifestações antigoverno, manifestantes saíram às ruas de várias cidades para manifestar apoio às autoridades e criticar a suposta ingerência estrangeira no país.

LPF/ap/afp/dpa/rtr/efe

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