Protestos pelo mundo pedem ações contra mudanças climáticas
20 de setembro de 2019Manifestações pedindo ações políticas concretas contra as mudanças climáticas ocorrem em todo o mundo nesta sexta-feira (20/09), como parte da Greve Global pelo Clima, uma mobilização mundial iniciada pelo movimento Greve pelo Futuro (Fridays for Future).
Estudantes em cerca de 150 países saíram às ruas para pressionar os líderes políticos mundiais antes da Cúpula de Ações Climáticas da ONU, que ocorre na próxima semana em Nova York, seguida da Assembleia Geral da entidade.
As primeiras manifestações do 20 de setembro começaram em nações insulares do Pacífico, como Kiribati, Ilhas Salomão e Vanuatu - todas ameaçadas pelo aumento do nível do mar.
Na Alemanha, os organizadores estimaram que 1,4 milhão de pessoas participaram dos protestos – 270 mil apenas em Berlim, segundo a polícia local. Uma multidão se concentrou em volta do prédio do Reichstag, a sede do Parlamento alemão. A polícia de Hamburgo estimou que 70 mil pessoas participaram. Também foram registradas multidões com 20 mil pessoas em Munique, Münster e Freiburg. Os protestos são apoiados pelo Greenpeace, sindicatos, ONGs de direitos humanos e pela Igreja Luterana.
Também foram registrados protestos no Reino Unido, Japão, Romênia, França, Nova Zelândia, África do Sul, Coreia do Sul, Bélgica, Suécia, Ucrânia, Grécia, Tailândia, Quênia, Filipinas, Gana, entre outros países. Em Londres, os organizadores estimam que 100 mil pessoas participaram. Na Austrália, estimativas apontam que 350 mil pessoas tomaram parte nos protestos nas cidades de Sydney, Melbourne, Brisbane e Canberra.
Ao longo do dia, foram registrados protestos até mesmo em lugares como a Antártida, de onde o oceanógrafo Kim Bernard tuitou uma foto em apoio ao movimento. No Brasil, ocorreram manifestações em São Paulo, com concentração na Avenida Paulista; no Rio de Janeiro, nas escadarias da Assembleia Legislativa; e em Brasília, na Esplanada dos Ministérios.
Nos EUA, foram registrados protestos em todos os 50 estados e na cidade de Nova York, sede das Nações Unidas, onde a prefeitura local liberou mais de 1 milhão de alunos das aulas para que eles participem das manifestações. No meio tarde, a prefeitura estimava que 60 mil pessoas já haviam se juntado ao movimento.
As manifestações são inspiradas no movimento iniciado pela ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que sensibilizou jovens em todo o mundo desde que começou a fazer protestos solitários em frente ao Parlamento sueco com um cartaz que propunha uma greve escolar pelo clima ("Skolstrejk för klimatet").
Em apenas 12 meses, a própria Greta se transformaria numa espécie de ícone adolescente do clima, e seu movimento acabaria motivando paralisações em mais de 3,5 mil cidades em 161 países. Até agora, o maior protesto da Greve pelo Futuro ocorreu em 15 de março e reuniu cerca de 1,6 milhão de estudantes em vários países. Nesta sexta-feira, Greta discursou na passeata em Nova York.
"Estamos em greve hoje em mais de 150 países em todos os continentes, incluindo a Antártida. Nós não estamos na escola hoje e, desta vez, não estamos sozinhos – temos alguns adultos que também não estão no trabalho hoje. E por quê? Porque isso é uma emergência. Nossa casa está pegando fogo”, disse ela.
Na última quarta-feira, Greta esteve presente em vários comitês do Congresso americano para dar seu testemunho sobre as perspectivas das novas gerações em relação ao clima e ao meio ambiente. Ela entregou aos congressistas um relatório do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas da ONU que pede ações rápidas e sem precedentes nos hábitos humanos para evitar que as temperaturas globais aumentem em 1,5º C até 2030.
O ativismo ambiental e a liderança de Greta lhe rendeu uma indicação para Prêmio Nobel da Paz. Nesta semana, ela foi agraciada com o prêmio de direitos humanos Embaixador da Consciência, concedido pela ONG Anistia Internacional.
JPS/RC/rtr/dpa/ap
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