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'Prêmio de fogão'

15 de janeiro de 2008

A palavra mais politicamente incorreta foi eleita pela 17ª vez. Ação de crítica sócio-lingüística visa maior objetividade e humanidade no vocabulário público. 'Herdprämie' se impôs perante quase mil propostas.

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'Herdprämie' mereceu a discutível honraFoto: AP

A "despalavra" de 2007 na Alemanha é Herdprämie (prêmio de fogão). O porta-voz do júri, Horst Dieter Schlosser, justificou a escolha nesta terça-feira (15/01), em Frankfurt. "Esta palavra difama os pais, sobretudo as mulheres, que educam seus filhos em casa, em vez de pleitear vaga numa creche."

Os seis filólogos que formam o júri independente detectaram "todo um campo de palavras" onde transparece a intenção difamatória, como Aufzuchtsprämie (prêmio para reprodutores) e Gluckengehalt (salário de galinha-choca).

Não se sabe quem empregou Herdprämie pela primeira vez. Porém a palavra foi cunhada durante o debate em torno do salário pago pelo Estado alemão a quem se licencia do emprego para cuidar dos filhos pequenos (Elterngeld). O termo se impôs diante de 968 outras "despalavras" sugeridas.

"Climaticamente neutro" e "cultura degenerada"

O segundo lugar desta 17ª edição da "despalavra" coube a klimaneutral (climaticamente neutro). Com seu emprego "procura-se justificar uma ampliação do tráfego aéreo e de outras técnicas emissoras de gases-estufa, sem que fique claro como se pretende 'neutralizar' os danos climáticos decorrentes".

Condenou-se também o cardeal Joachim Meisner, de Colônia, por, durante um sermão, afirmar que arte e cultura "se degeneram", ao perder a ligação com a religião. "Arte degenerada" (entartete Kunst) foi um termo empregado pelo regime nazista, com o fim de difamar e assim eliminar artistas indesejados, lembraram os jurados.

Coisa e conceito

Paralela à "palavra do ano", a "despalavra" (Unwort de Jahres) é uma ação de crítica sociolingüística instituída em 1991. Seus criadores pleiteiam uma maior adequação objetiva e humanidade no vocabulário público. A premiação se dá na forma de reprimendas (Rügen).

"Os carões são, em primeira linha, um estímulo a maior reflexão crítico-lingüística. A iniciativa não possui qualquer intenção censória", consta do estatuto. "Os que empregam a (des)palavra de forma inconsciente e distraída deveriam parar e refletir", acrescentou o porta-voz Schlosser.

Decisiva para a seleção é uma desproporção entre objeto e conceito. Assim, apesar de indicada 165 vezes, Kopftuchverbot (proibição de usar o lenço islâmico) foi desqualificada, por não se tratar de uma "despalavra", mas sim de uma coisa despropositada (Unding). (av)