Putin ameaça cortar gás da Ucrânia e diz que Europa pode ser afetada
10 de abril de 2014Em carta endereçada a 18 líderes europeus, o presidente Vladimir Putin afirmou nesta quinta-feira (10/04) que a Rússia pode cortar parcial ou completamente o fornecimento de gás à Ucrânia e disse que isso pode afetar indiretamente também o fornecimento à Europa.
Putin afirmou que o grupo russo de energia Gazprom pode ser forçado a exigir da Ucrânia o pagamento adiantado do gás natural fornecido ao país. Caso a Ucrânia não pague, os fornecimentos de gás seriam interrompidos parcial ou completamente. Além disso, a Rússia cobra da Ucrânia 2,2 bilhões de dólares relativos a gás já fornecido.
"Sem dúvida, é uma medida extrema", afirmou o líder russo. Ele insinuou que, se tiver o próprio fornecimento cortado, a Ucrânia pode desviar para si parte do gás destinado à Europa que passa por território ucraniano. Putin sugeriu medidas urgentes, porque, segundo ele, a situação não suporta uma espera mais longa, acrescentando que a Rússia e os "parceiros europeus" devem trabalhar juntos para sanar os problemas econômicos da Ucrânia.
A Rússia cobre cerca de 30% da demanda de gás natural da Europa, e a metade do gás que vende para a União Europeia passa pela Ucrânia.
O presidente russo calculou que seu país "subsidiou" a economia ucraniana nos últimos quatro anos com um total de 35,4 bilhões de dólares em descontos nos preços do gás. Além disso, afirmou que Moscou também havia concedido à Ucrânia em dezembro passado um empréstimo de 3 bilhões de dólares, enquanto os europeus apresentaram apenas "cartas de intenções".
Recentemente, Moscou suspendeu os descontos para o fornecimento de gás aos ucranianos. O governo de transição do país, entretanto, não aceita uma renegociação.
Os Estados Unidos condenaram duramente as ameaças, afirmando que Moscou tenta utilizar a energia como uma "ferramenta de coerção" em sua disputa com a Ucrânia.
Otan acusa tropas russas perto da Ucrânia
A Otan mostrou em sua sede em Mons, na Bélgica, imagens de satélite da área de fronteira russo-ucraniana em que podem ser vistos veículos blindados e de transporte, além de helicópteros do Exército russo. Entre 35 mil e 40 mil soldados russos estariam na região em mais de uma centena de bases, segundo a aliança militar transatlântica.
O chefe de gestão de crises da Otan, brigadeiro-general Gary Deakin, disse que as unidades estavam prontas para serem colocadas rapidamente em marcha. Ele falou também numa ameaça à Ucrânia, mesmo que as intenções dos russos não sejam conhecidas.
MD/afp/rtr