Cúpula UE-Rússia
26 de outubro de 2007O presidente russo, Vladimir Putin, comparou o impasse sobre o estacionamento de um sistema antimísseis, pelos Estados Unidos, no centro da Europa, com a crise cubana na Guerra Fria. Com a comparação, feita após o encontro de cúpula desta sexta-feira (26/10) entre a União Européia (UE) e Rússia, em Portugal, ele quis lembrar que as relações em meados da década de 1960 também se desenvolveram a partir de uma situação semelhante.
A crise cubana havia levado os Estados Unidos e a então União Soviética à beira de uma guerra nuclear em 1962. Pouco antes do início do encontro de cúpula, realizado na cidade portuguesa de Mafra, a Rússia havia mais uma vez ameaçado com o reinício da produção de mísseis de curto e médio alcance. "Podemos começar em curto prazo a construção deste tipo de armamentos", disse o comandante das Forças Armadas Estratégicas, Nikolai Solovtsov.
Diferentemente da cúpula anterior, em maio, quando a chanceler federal Angela Merkel e Putin trocaram farpas sobre a questão dos direitos humanos, nesta que foi a última participação de Putin no cargo de presidente, o encontro aconteceu sob clima ameno.
Problemas cruciais ficaram sem solução
Problemas como a abertura mútua dos mercados energéticos e o boicote russo à carne polonesa não foram resolvidos. A Rússia reivindica de Bruxelas o livre acesso de suas empresas ao mercado europeu ocidental. Isto é aceito pela União Européia, que em contrapartida exige livre acesso e segurança jurídica para empresas européias ao mercado russo.
Também ficou em aberto a aprovação da UE ao ingresso da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC). Putin lamentou que o bloco ainda não tenha decidido negociar um novo acordo de parceria com seu país. A Polônia bloqueia as negociações sobre o aprofundamento das relações políticas e econômicas em protesto à suspensão da importação de carne polonesa imposta por Moscou em 2005.
Na condição de presidente da União Européia, o primeiro-ministro português José Sócrates elogiou a permissão russa, de que a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) envie observadores às eleições parlamentares russas, em dezembro próximo, e à eleição presidencial, em março de 2008. (rw)