Putin e Khamenei condenam interferência na política síria
24 de novembro de 2015Em sua primeira visita a Teerã desde 2007, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reuniu-se com líderes iranianos, nesta segunda-feira (23/11), para conversações sobre a crise síria e um plano de paz internacional destinado a acabar com o conflito.
Durante seu encontro com o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, Putin e o clérigo concordaram que decisões políticas não devem ser impostas à Síria a partir do exterior. "Ninguém de fora pode e deve impor modelos de governo sobre o povo sírio e determinar quem deve estar no poder", disse Putin. "Somente o povo sírio deve decidir isso."
Putin sublinhou a posição após uma reunião com o presidente iraniano, Hassan Rohani. "Não há outra maneira de chegar a uma solução de longo prazo na questão síria exceto por meio de negociações políticas", afirmou.
Khamenei acusou os Estados Unidos e seus aliados de tentarem "alcançar por meio da diplomacia e na mesa de negociações as metas que não conseguiram alcançar por meios militares na Síria".
Moscou e Teerã têm sido apoiadores-chave do presidente da Sìria, Bashar al-Assad, ao longo da guerra civil que matou mais de 250 mil pessoas e forçou o deslocamento de milhões de sírios. A Rússia começou uma campanha aérea contra o "Estado Islâmico" (EI) e outros insurgentes em 30 de setembro, enquanto o Irã enviou conselheiros militar para apoiar Assad.
Putin revoga proibição comercial
Também nesta segunda-feira, o presidente russo revogou a proibição antes imposta às empresas russas de vender material tecnológico às instalações nucleares do Irã. A decisão está em conformidade com o acordo alcançado em junho entre o Irã e as grandes potências mundiais sobre o programa nuclear iraniano.
O decreto permite que empresas russas negociem com empresas iranianas o fornecimento de material tecnológico à central de enriquecimento de urânio de Fordo e "a restruturação e modernização" do reator água pesada de Arak. As empresas russas passam também a poder adquirir urânio enriquecido, em quantidades superiores a 300 quilos, em troca de urânio natural fornecido pela Rússia.
No acordo histórico entre o Irã e o chamado Grupo 5+1, constituído pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) e a Alemanha, Teerã aceitou limitar as suas capacidades nucleares e sujeitá-las a um controle internacional reforçado em troca do levantamento das sanções internacionais a partir de 2016.
PV/lusa/afp/rtr