Putin pede que rebeldes abram "corredor humanitário" para tropas de Kiev
29 de agosto de 2014O presidente russo, Vladimir Putin, pediu nesta sexta-feira (29/08) que os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia abrissem um "corredor humanitário" para permitir que tropas de Kiev sitiadas se retirassem.
"Peço às forças rebeldes que abram um corredor humanitário pra as tropas ucranianas que estão cercadas, para evitar baixas desnecessárias e dar-lhes a oportunidade de se retirar da zona de operações", disse Putin num comunicado emitido na madrugada desta sexta-feira.
Em seguida, os separatistas disseram que atenderiam ao pedido do presidente russo. Eles estariam prontos para abrir o corredor humanitário na cidade de Novoasovsk, na fronteira com Rússia, se "as unidades ucranianas entregassem suas armas e sua munição", disse o "primeiro-ministro" da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexander Zakharchenko, na manhã de sexta-feira à emissora russa Rossija 24.
O Exército ucraniano perdeu nesta quarta-feira o controle sobre Novoasovsk, vilarejo de 11 mil habitantes a cerca de 10 quilômetros da fronteira com a Rússia. O governo de Kiev acusou o Exército russo de ter assumido o controle da pequena cidade. Soldados ucranianos cercados também lutam por sua sobrevivência na sitiada Ilovajsk, a leste de Donetsk.
Em seu comunicado, Putin se dirigiu aos separatistas como defensores da "Nova Rússia", um termo atribuído inicialmente aos czars quando tentavam expandir suas propriedades. Ele os elogiou por terem tido sucesso considerável em deter a operação militar de Kiev que "ameaçava a vida dos habitantes da região de Donbas", no leste ucraniano, onde ocorreu a maioria dos combates.
Em reação ao comunicado de Putin, o Exército ucraniano disse que a solicitação de Moscou pelo corredor humanitário mostra que os separatistas estão sob controle direto da Rússia. Também num comunicado, os militares ucranianos afirmaram que o pedido de Putin atesta que "essas pessoas [os separatistas] estão sendo conduzidas e controladas diretamente pelo Kremlin".
Kiev e o Ocidente acusaram as tropas russas de estarem por trás de uma contra-ofensiva em que rebeldes pró-Rússia tomaram territórios das forças do governo da Ucrânia, mudando dramaticamente o curso dos conflitos que já duram quatro meses.
Ao mesmo tempo, Putin pediu a Kiev que "parasse imediatamente as ações militares, cessasse fogo, sentasse à mesa para negociações e conversasse com representantes de Donbas para resolver todos os problemas através de meios pacíficos".
O líder russo pediu ainda aos rebeldes que providenciassem ajuda médica aos soldados ucranianos feridos e disse que a Rússia "está disposta e vai fornecer ajuda humanitária à população de Donbas que está sofrendo com essa catástrofe humanitária".
A escalada dos combates e a contra-ofensiva por parte das tropas rebeldes nesta semana levou Kiev e o Ocidente a acusarem Moscou de envolvimento ativo no conflito no leste da Ucrânia. A Otan afirma que ao menos mil soldados russos estão em território ucraniano e divulgou fotos de satélite que mostram a presença de artilharia russa no país.
LPF/afp/rtr/ap