Putin pede suspensão de licença para intervenção militar na Ucrânia
24 de junho de 2014Um dia após a União Europeia ameaçar a Rússia com sanções econômicas abrangentes, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu que o Parlamento suspenda a permissão para uma intervenção militar na Ucrânia, concedida em março. O pedido deve ser aprovado nesta quarta-feira (25/06) pela maioria dos parlamentares.
Segundo o porta-voz do Kremlin Dimitri Peskov, o passo deve aliviar um pouco a crise na Ucrânia. A licença para uma intervenção militar na região foi aprovada em março pelo Parlamento em Moscou, sob a alegação de proteção à população russa que vive no país. Ela autorizava Putin a enviar tropas ao país vizinho, até a situação se normalizar.
O pedido de Putin é uma forma de demonstrar apoio às negociações de paz na Ucrânia, afirmou o Kremlin. A decisão foi elogiada pelo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, que a descreveu como "um primeiro passo fundamental". Na sexta-feira os chefes de governo e de Estado da União Europeia se encontram para debater a crise e possíveis sanções econômicas contra a Rússia, caso o país se recuse a contribuir para amenizar a situação ucraniana.
Comissão internacional
O ministro do Exterior da Alemanha, Frank Walter Steinmeier, visitou a Ucrânia nesta terça-feira. Após um encontro com Poroshenko, ele incentivou uma participação maior da Rússia na missão dos observadores internacionais da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), para solucionar o conflito no leste ucraniano.
"Ajudará bastante, se ao lado das várias nações que participam agora da missão da OSCE, a Rússia participar com seus próprios observadores", declarou Steinemeier. Além disso, é preciso esclarecer se a missão comum possibilitará, no final, um trabalho em conjunto de controle na fronteira da Rússia com a Ucrânia, propôs o ministro.
Steinmeier também pediu aos separatistas que libertem os oito observadores da OSCE que foram tomados como reféns há semanas. Durante o encontro, lembrou a importância do cessar-fogo, que deve ser mantido não somente pelas tropas do governo, "mas também pelos rebeldes no leste do país".
Conflitos continuam
Segundo o presidente ucraniano, os separatistas pró-Rússia não haviam cumprido o pacto de trégua, horas após terem aceitado a medida. "Infelizmente houve violações do cessar-fogo do outro lado. Na noite passada ocorreram oito incidentes, um soldado foi morto e vários ficaram feridos", informou Poroshenko.
Na região oriental de Slaviansk, um helicóptero militar ucraniano foi abatido por rebeldes pró-russos, matando todos os nove tripulantes. Ele transportava técnicos encarregados de instalar equipamentos para monitorar violações do cessar-fogo. Este é o segundo incidente do gênero, em menos de um mês: em 29 de maio, foi derrubado um outro helicóptero do governo, causando a morte de 14 militares, inclusive um general.
Próximo à cidade de Slaviansk, capital regional, ilícias rebeldes, usando lança-granadas e morteiros, atacaram um posto militar controlado por separatistas, e com armas menores atacaram outro posto na fronteira com a Rússia, informou Kiev.
Após um encontro com representantes da OSCE e dos governos ucraniano e russo, na segunda-feira os rebeldes haviam anunciado que acatariam o cessar-fogo até dia 27 de junho imposto unilateralmente por Poroshenko. A medida foi a primeira etapa do plano de paz proposto por Poroshenko.
CN/rtr/dpa/afp