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Qualificação profissional não garante emprego

(sm)22 de julho de 2005

A concorrência acirrada no mercado de trabalho alemão desencoraja não apenas desempregados de longo prazo, mas até recém-formados. Conseguir emprego virou uma missão praticamente impossível.

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Fila de espera nos departamentos municipais de trabalhoFoto: AP

Na Alemanha, existem 4.704.050 pessoas sem trabalho, o que corresponde a 11,3% da população. Mas o desemprego não se traduz apenas em números. A falta de perspectiva no mercado de trabalho afeta não apenas desempregados de longo prazo ou pessoas que cometeram algum "deslize" em sua formação ou carreira. Jovens com uma formação absolutamente linear, certificados com boas notas e experiência profissional precisam ter muita sorte para conseguir um contrato de trabalho.

Empresas vivem de estagiários

Conseguir trabalho diretamente depois da formação profissionalizante ou da faculdade é uma exceção na Alemanha. Geralmente, recém-formados vão fazer um estágio mal remunerado, se é que não se contentam com uma atividade não remunerada. Dá para se dizer que muitas empresas se abstêm de gerar novos empregos, justamente por contarem com a possibilidade de assimilar mão-de-obra qualificada e barata.

Os estagiários com formação universitária não são necessariamente "perdedores", pessoas que demonstram pouca competência social ou estudaram disciplinas exóticas. Geralmente são jovens altamente motivados com ambições de fazer carreira e experiência no exterior, pessoas que já receberam bolsas de estudo e adquiriram experiência profissional suficiente como estagiários. São jovens entre 25 e 35 anos que nem constam das estatísticas de desemprego, pois conseguem levar as coisas de um jeito ou de outro. Seja fazendo cursos de especialização, pós-graduação ou mais um estágio.

Qualificação pode prejudicar

Diante de um excesso de mão-de-obra superqualificada, os critérios dos departamentos de recursos humanos das empresas na escolha de candidatos se tornam cada vez mais altos. Diante de tantos currículos empilhados sobre as mesas, qualquer "falha" mínima já é motivo de recusa. Basta não se observarem certas formalidades ao se apresentar o currículo e a empresa já tem um bom motivo para não ter que se inteirar do perfil do candidato. Outras coisas, como lacunas na carreira, mudanças drásticas de ramo ou uma trajetória muito longa de estagiário também causam má impressão no mercado de trabalho alemão.

O candidato com maiores chances é aquele com formação universitária, notas excelentes, diversos estágios de alta relevância com excelentes certificados e idade de 20 a 30 anos. Se alguém com este perfil não conseguir um emprego condizente com seu nível profissional, a situação se torna realmente difícil. Afinal, se ele resolver procurar algo aquém de sua qualificação, tem maiores chances de decepção: uma justificativa típica para recusar emprego na Alemanha é a alegação de ser o candidato superqualificado para a tarefa em questão.

Flexibilidade é o que resta

Diante da acirrada concorrência e das reduzidas chances no mercado de trabalho, quem estiver em busca de trabalho tem que se tornar mais flexível. "Mesmo com uma boa formação e um diploma acadêmico, nada garante que a pessoa possa ficar mais que cinco ou dez anos no cargo", comenta Reinhardt Bisping, do Instituto de Estudos Econômicos e Sociais da Fundação Hans Böckler. "Apesar de ainda haver uma certa estabilidade na Alemanha quanto ao tempo de permanência no mesmo emprego, no futuro poderá se contar com mudanças mais freqüentes de empregador", diz Bisping.

Embora na Alemanha ainda haja um número relativamente constante de empregos "normais", o tradicional contrato de trabalho fixo está entrando em extinção. Segundo Bisping, nota-se um aumento das formas de trabalho mais precárias, como participação em projetos passageiros ou assinatura de contratos temporários. Isso significa que quem estiver em busca de trabalho tem que se dispor a mudar de lugar e se locomover para onde houver emprego, além de se mostrar mais flexível em relação aos horários de trabalho.