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Quanto se ganha na Alemanha

(ns)2 de outubro de 2003

O Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) revelou quanto ganham em média operários e funcionários na Alemanha, homens e mulheres, no leste e no oeste, 13 anos após a reunificação.

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Operário na linha de montagem da Ford, em ColôniaFoto: AP

O salário bruto médio de pessoas empregadas na indústria, no comércio, em bancos e seguradoras foi de 2835 euros (9639 reais) em 2001. Para chegar a essa conclusão, o departamento colheu dados entre as 27 mil empresas desses setores que tem mais de dez funcionários. Em termos estatísticos, pode-se definir em linhas gerais o perfil de quem mais ganha na Alemanha: essa pessoa é do sexo masculino, é funcionário contratado e mora na parte ocidental do país.

Aumento menor do que a produtividade

Comparando-se ao último levantamento, com dados de 1995, o salário bruto aumentou 16% em seis anos. O que parece um aumento considerável vai diminuindo à sua real proporção tendo-se em conta outros dados. Assim, descontando-se a inflação, permanece um aumento de 6%. No mesmo período, a produtividade aumentou quase 9%. Ou seja, os salários não acompanharam o ganho das empresas com o trabalho mais produtivo de operários (Arbeiter) e funcionários (Angestellte). O salário líquido, então, descontados os impostos e contribuições, é outra estória.

Naturalmente há grandes diferenças conforme a profissão, embora estas sejam bem menores do que no Brasil. Quem mais ganha são os gerentes (5800 euros), seguidos dos químicos e engenheiros químicos (5100 euros bruto). No final da escala de salários nos ramos pesquisados estão os caixas e vendedores, com uma renda mensal bruta entre 1800 e 2000 euros.

Desequilíbrio na balança leste-oeste

As diferenças salariais entre a parte ocidental do país e a oriental, onde reinava o regime comunista antes da reunificação, continuam existindo. Quem trabalha em tempo integral no leste ganha, via de regra, 30% menos do que um colega no ocidente (2001). Em 1995, quando se deu o primeiro levantamento de dados após a reunificação, a diferença já era de 29%.

As causas dessa discrepâncias são as seguintes, segundo Johann Hahlen, presidente do Destatis: no Leste predominam os operários e estes ganham menos do que os funcionários administrativos. No Leste também há maior porcentagem de mulheres trabalhando nesses setores. E as mulheres ganham bem menos do que os homens, o que vale para todo o país.

Mulheres ganham menos

As mulheres, em geral, ganham 22% a menos do que os homens. A diferença é bem maior entre os funcionários contratados: mais de 30%. No entanto, isso não significa que haja diferentes salários por sexo para a mesma função. As leis garantem a equiparação. O que acontece, é que os homens ainda ocupam a grande maioria dos empregos mais bem pagos.

Kassierin und der Euro
A maior parte dos caixas nos supermercados são mulheresFoto: AP

"É fato conhecido que muitas mulheres escolhem profissões tidas por tipicamente femininas, com salário baixo. Basta dizer que nas secretarias as mulheres predominam com 92%, entre os digitadores de dados elas são 82%, e entre os telefonistas, 82%. No comércio não é muito diferente: 59% dos vendedores e 79% dos caixas são mulheres", diz Johann Hahlen.

Como um grande número de mulheres se concentra nessas profissões de ganhos menores, tem-se a razão da diferença salarial. Contudo, há motivo para esperança. Os salários das mulheres aumentaram 20% nesses seis anos, enquanto os dos homens tiveram aumento de 15%. Isso pode ser um indício de um leve aumento do número de mulheres em profissões com um salário um pouco melhor.

Quanto sobra depois das contribuições

Independentemente do sexo, o que conta, de fato, é quanto se tem no bolso, o salário líquido. Do salário bruto médio de 2835 euros, restam 1800 euros, após os descontos para aposentadoria, saúde, seguro-desemprego, imposto de renda e taxa de solidariedade para a reconstrução do leste. Eles perfazem cerca de 35% na média estatística. Mas quem ganha mais tem descontos mais altos, principalmente por causa do imposto de renda.

As contribuições para a Previdência e outras acima mencionadas aumentaram nos últimos dez anos, saltando de 16,4% do salário bruto em 1990, para 18,7% em 2001. Por isso, a porcentagem do salário líquido real em relação ao bruto diminuiu de 69% em 1995, para 64,7% em 2001. Em suma, os alemães que trabalham na indústria, no comércio, em bancos e seguradoras ganharam mais, mas não tiveram muito mais dinheiro no bolso, devido ao peso, cada vez maior, da quota do Estado.