Quatro países da UE rejeitam cotas de migrantes
11 de setembro de 2015República Tcheca, Hungria, Polônia e Eslováquia rejeitaram nesta sexta-feira (11/09) os planos da Comissão Europeia de distribuir entre os países-membros da União Europeia (UE) 160 mil refugiados que estão na Itália, Grécia e Hungria.
O ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, reuniu-se com seus homólogos dos quatro países do leste da UE, mas não conseguiu convencê-los a aceitar a proposta. "Eu disse aos meus colegas que temos que chegar a um acordo sobre um mecanismo de redistribuição justa dos migrantes. Temos que evocar a solidariedade europeia", disse. O ministro alemão espera que cerca de 40 mil refugiados cheguem a seu país no próximo fim de semana.
"Estamos convencidos de que deveríamos manter o controle sobre o número de pessoas que somos capazes de acolher", disse o ministro do Exterior tcheco, Lubomir Zaoralek.
Para o ministro do Exterior da Hungria, Peter Szijjarto, o objetivo principal deveria ser ter o controle sobre a fronteira externa da UE. Ele afirmou que, a partir da semana que vem, qualquer um que danificar as estruturas de fronteira da Hungria será processado.
"Aqueles que entrarem na Hungria de forma ilegal, destruindo a infraestrutura que protege a fronteira, estarão cometendo um crime e poderão ser condenados à prisão ou à extradição", disse Szijjarto.
Lutando para lidar com a chegada massiva de migrantes vindos dos países bálticos, a Hungria se ofereceu para sediar um encontro com dirigentes de vizinhos não pertencentes à UE, como Sérvia e Macedônia.
Um número recorde de pessoas, muitas das quais fugindo de guerras e conflitos, continuam chegando à Europa. Por volta de 7,6 mil entraram na Macedônia nas últimas 12 horas. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) prevê que 42 mil refugiados cheguem à Hungria na próxima semana.
"Como animais num galinheiro"
A Humans Rights Watch divulgou nesta sexta-feira um vídeo que mostra guardas vestindo máscaras cirúrgicas atirando comida a migrantes, num centro de acolhimento na cidade húngara de Roszke. Os refugiados estão "sendo mantidos em galinheiros como animais, no sol e sem comida ou água", disse Peter Bouckaert, da organização de direitos humanos.
"Havia cerca de cem pessoas tentando pegar sacolas plásticas com salsichas. Eles não são capazes de organizar um acampamento e tratá-los como seres humanos", disse a suposta autora das gravações, Michaela Spritzendorfer-Ehrenhauser, colaboradora da Igreja Católica na Áustria.
William Spindler, porta-voz do Acnur, prometeu enviar casas pré-fabricadas para 300 famílias na Hungria e disse que, em troca, "esperamos que as autoridades, sejam policiais ou militares, respeitem os direitos dos refugiados". As ações do Exército húngaro serão "observadas de perto", disse.
O governo húngaro enviou 3,8 mil soldados para ajudar na construção de uma cerca de quatro metros e 175 quilômetros na fronteira sul do país. Os rolos de arame farpado que separam atualmente os dois países não impedem a entrada dos refugiados.
Também nesta sexta-feira, a operadora ferroviária austríaca OeBB anunciou que vai manter suspenso os trens entre Áustria e Hungria durante o fim de semana para "estabilizar a situação das maiores estações de trem de Viena".
MP/dw/rtr/afp