1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Que fazer com as latinhas?

Laís Kalka3 de janeiro de 2003

Entrou em vigor portaria que introduz pagamento de depósito na compra de grande parte das bebidas vendidas em embalagens descartáveis. Falta de um sistema uniforme de cobrança e devolução dificulta a vida do consumidor.

https://p.dw.com/p/35w2
Restituição do depósito, por enquanto, só onde a bebida foi compradaFoto: AP

Há anos, a população convive na Alemanha com uma multiplicidade de sistemas de embalagens para as bebidas. Além dos recipientes de vidro ou plástico reutilizáveis, para os quais o comércio cobra um depósito restituível na devolução do vasilhame, existem as garrafas, vidros e latinhas descartáveis, que vão parar no lixo e, nem sempre devidamente encaminhados à reciclagem, apenas contribuem para aumentar as montanhas de entulho pelo país afora.

Simplificar é preciso

Com o Ano Novo, entrou em vigor o mais novo regulamento do governo social-democrata e verde que, contra a resistência dos lobbies do comércio e da indústria de embalagens, introduziu a cobrança de depósito também para bebidas vendidas em latinhas de alumínio e garrafas — de vidro ou PET — até então descartáveis: 25 cents de euro por vasilhame de até 1,5 litro; a partir daí, 50 cents.

Mas, para que simplificar se a coisa pode ficar mais complicada ainda? O novo regulamento não vale para todas as bebidas, apenas para cerveja, água mineral e refrigerantes; vinho e outras bebidas alcoólicas, bem como sucos e água sem gás, continuam excluídos.

Para dificultar ainda mais a vida do consumidor, o comércio não conseguiu chegar a um consenso quanto a um sistema uniforme de cobrança do depósito e recolhimento do vasilhame vazio. Até outubro, o cliente só vai poder devolver o vasilhame na loja ou supermercado em que fez a compra. E cada um tem um sistema próprio de fichas ou talões para comprovar o pagamento do depósito.

Mil e uma possibilidades

Os pequenos comerciantes — donos de quiosques e lojas de conveniência — reclamam que vão ficar sobrecarregados com o novo sistema, por não disporem da necessária infra-estrutura. Algumas cadeias de supermercados barateiros — que só trabalhavam com embalagens descartáveis — resolveram retirar essas bebidas de seus sortimentos.

Uma determinada rede procurou sair pela tangente, prometendo aos fregueses que devolveria o dinheiro do depósito — desde que eles apresentassem o talão correspondente — mesmo que os vasilhames não fossem devolvidos e sim jogados no lixo. Mas não conseguiu ir longe com essa iniciativa, que contraria o regulamento, e já precisou voltar atrás.

O governo quer aproveitar o atual caos e a insatisfação dos consumidores, para ver se consegue impor o que já tentou — em vão, por causa da resistência da oposição — em ocasiões anteriores: simplificar o sistema de classificação das embalagens para bebidas a partir do conceito do que seja ou não prejudicial ao meio ambiente.

A grande dúvida

O assunto vem ocupando políticos, organizações ambientalistas e lobbies na Alemanha desde fins da década de 80. Ao que tudo indica, ninguém vai sentir falta dele nos noticiários dos próximos meses. E a população terá ocupação, tentando resolver a difícil questão: jogar fora, colocar no contêiner de lixo selecionado ou devolver — como e onde?