Que fazer com as latinhas?
3 de janeiro de 2003Há anos, a população convive na Alemanha com uma multiplicidade de sistemas de embalagens para as bebidas. Além dos recipientes de vidro ou plástico reutilizáveis, para os quais o comércio cobra um depósito restituível na devolução do vasilhame, existem as garrafas, vidros e latinhas descartáveis, que vão parar no lixo e, nem sempre devidamente encaminhados à reciclagem, apenas contribuem para aumentar as montanhas de entulho pelo país afora.
Simplificar é preciso
Com o Ano Novo, entrou em vigor o mais novo regulamento do governo social-democrata e verde que, contra a resistência dos lobbies do comércio e da indústria de embalagens, introduziu a cobrança de depósito também para bebidas vendidas em latinhas de alumínio e garrafas — de vidro ou PET — até então descartáveis: 25 cents de euro por vasilhame de até 1,5 litro; a partir daí, 50 cents.
Mas, para que simplificar se a coisa pode ficar mais complicada ainda? O novo regulamento não vale para todas as bebidas, apenas para cerveja, água mineral e refrigerantes; vinho e outras bebidas alcoólicas, bem como sucos e água sem gás, continuam excluídos.
Para dificultar ainda mais a vida do consumidor, o comércio não conseguiu chegar a um consenso quanto a um sistema uniforme de cobrança do depósito e recolhimento do vasilhame vazio. Até outubro, o cliente só vai poder devolver o vasilhame na loja ou supermercado em que fez a compra. E cada um tem um sistema próprio de fichas ou talões para comprovar o pagamento do depósito.
Mil e uma possibilidades
Os pequenos comerciantes — donos de quiosques e lojas de conveniência — reclamam que vão ficar sobrecarregados com o novo sistema, por não disporem da necessária infra-estrutura. Algumas cadeias de supermercados barateiros — que só trabalhavam com embalagens descartáveis — resolveram retirar essas bebidas de seus sortimentos.
Uma determinada rede procurou sair pela tangente, prometendo aos fregueses que devolveria o dinheiro do depósito — desde que eles apresentassem o talão correspondente — mesmo que os vasilhames não fossem devolvidos e sim jogados no lixo. Mas não conseguiu ir longe com essa iniciativa, que contraria o regulamento, e já precisou voltar atrás.
O governo quer aproveitar o atual caos e a insatisfação dos consumidores, para ver se consegue impor o que já tentou — em vão, por causa da resistência da oposição — em ocasiões anteriores: simplificar o sistema de classificação das embalagens para bebidas a partir do conceito do que seja ou não prejudicial ao meio ambiente.
A grande dúvida
O assunto vem ocupando políticos, organizações ambientalistas e lobbies na Alemanha desde fins da década de 80. Ao que tudo indica, ninguém vai sentir falta dele nos noticiários dos próximos meses. E a população terá ocupação, tentando resolver a difícil questão: jogar fora, colocar no contêiner de lixo selecionado ou devolver — como e onde?