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Fim do monopólio dos correios

Karl Zawadzky (gh)20 de março de 2007

Alguns países da União Européia tentam adiar decisão sobre fim do monopólio dos serviços de correios. Ex-estatal alemã Deutsche Post é favorável à liberalização e espera ampliar seus negócios em outros países europeus.

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Setor gera 1,6 milhão de empregos na EuropaFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb

A Alemanha é um dos países que se encontram na vanguarda da liberalização dos correios. O país pretende derrubar no início de 2008 o monopólio da ex-estatal Deutsche Post sobre a entrega de correspondências, um ano antes da planejada formação do mercado único europeu do setor.

A entrega de cartas com menos de 50 gramas corresponde a dois terços do volume de correspondências entregues na Alemanha. Com um faturamento de 13 bilhões de euros por ano, essa atividade responde por 25% da receita e mais de 60% dos lucros da Deutsche Post. Foi com os lucros deste segmento que o presidente da empresa, Klaus Zumwinkel, conseguiu transformá-la no maior conglomerado de transportes e logística do mundo.

Expansão

Zumwinkel espera que a quebra dos últimos monopólios traga grandes chances de negócios para a Deutsche Post em outros países europeus. Mas ele teme também distorções de competitividade, caso haja uma liberalização desigual.

"A liberalização na Europa precisa ocorrer ao mesmo tempo. Como nós começamos mais cedo e temos uma empresa robusta, até podemos nos antecipar em um ou dois anos, enquanto os outros esperam até 2009 ou 2010. Mas esta data precisa ser fixada", diz Zumwinkel.

Na Alemanha, 80 mil funcionários dos correios fazem a entrega de correspondências. Uma queda de 20% do faturamento da Deutsche Post significaria uma ameaça a 32 mil postos de trabalho. Mas muitos dos carteiros têm status de funcionários públicos, obtido nos tempos em que a empresa era estatal, e não podem ser demitidos nem sofrer cortes salariais.

1,6 milhão de empregos na UE

Galerie Klaus Zumwinkel Postbank
Zumwinkel: liberalização precisa valer para todosFoto: AP

Zumwinkel exige reciprocidade. "Se abrirmos o mercado, então isso deve valer para todos os países da UE. Não é possível, a longo prazo, que a Alemanha, o Reino Unido e os países escandinavos abram suas portas para empresas estrangeiras, enquanto os demais países da UE, sobretudo a França, Polônia, Grécia, Itália e Espanha, protegem seus monopólios", afirma.

Os serviços de correios empregam 1,6 milhão de pessoas na União Européia. A Deutsche Post é temida pelas concorrentes por sua alta produtividade e capitalização. Os críticos da liberalização temem também cortes na entrega de cartas e pacotes em regiões distantes, pouco rentáveis. Além disso, há o medo de que a abertura de mercado fortaleça a tendência ao dumping salarial.

Na Alemanha, isso já está ocorrendo. As concorrentes da Deutsche Post empregam 30 mil pessoas para a entrega de correspondências com peso superior a 50 gramas por unidade, mas 60% desses funcionários têm os chamados mini-empregos.

Também a ex-estatal racionaliza a mão-de-obra. Nos últimos seis anos, cortou 34 mil postos de trabalho e contratou 1800 prestadoras de serviços, incluindo empresas de táxi que esvaziam caixas de correio.

A liberação completa dos serviços de correios será submetida à decisão da União Européia ainda este ano. O governo em Berlim é favorável à quebra do monopólio, mas alguns ministros são contra uma abertura unilateral do mercado alemão.