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Ração pode ter contaminado aves e porcos na Alemanha

Alessandra Andrade17 de janeiro de 2002

Restos de camarão infectados com antibiótico proibido deveriam ter sido eliminados na Holanda, mas foram vendidos para empresa produtora de ração alemã.

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Foto: AP

Mais um caso de contaminação de ração animal foi detectado na Alemanha. Desta vez, o problema está relacionado a rações à base de restos de peixe, contendo o antibiótico Chloramphenicol, proibido na União Européia desde 1994. Mais de 27,5 toneladas de camarões tratados com o medicamento na Ásia foram enviados à Holanda, onde, já fora de condições de consumo, foram ilegalmente reaproveitados e exportados para a Alemanha. O carregamento chegou no final do ano passado em Cuxhaven, na região da Baixa Saxônia, onde foi utilizado para produção de ração animal e vendido para empresas nacionais e internacionais.

O governo alemão reagiu tardiamente ao alerta do governo holandês, que já no dia 27 de dezembro enviou uma carta ao Ministério de Agricultura e Defesa do Consumidor alemão, alertando para a possível contaminação dos camarões. Apenas no dia 8 de janeiro, é que a informação chegou ao conhecimento do departamento responsável, que imediatamente começou a tomar providências. Porém, até então, os restos de camarão já tinham sido misturados com outros componentes, resultando em mil toneladas de ração para aves e porcos, que foram distribuídas a sete empresas nacionais entre outras de 18 países europeus.

Chloramphenicol —

O consumo de alimentos contaminados pelo antibiótico pode provocar problemas no sistema imunológico humano e afetar a visão. Crianças e bebês são especialmente sensíveis. Na medicina a substância é pouco utilizada, seu uso só é recomendado em casos de doenças extremamente infecciosas, que não responderam à ação de outros medicamentos. Nos animais, o Chloramphenicol dificulta a proliferação de bactérias, ajudando a curar doenças infecciosas.

A Secretaria da Agricultura da Baixa Saxônia anunciou, nesta quinta-feira, que os primeiros testes feitos nas rações produzidas em Cuxhaven não apresentaram resíduos do antibiótico. Os animais que consumiram as rações deverão também passar por análises.

A Comissão de Agricultura do Parlamento vai se ocupar do caso em reunião extraordinária nesta sexta-feira (18). A oposição criticou a ministra da agricultura, Renate Künast (Partido Verde), por "não ter tomado as atitudes necessárias a tempo de proteger o consumidor".