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EsporteBrasil

Rafaelle: "Queremos vencer a Copa do Mundo para Marta"

27 de julho de 2023

Em entrevista à DW, a capitã da seleção diz querer propiciar uma despedida em grande estilo para a artilheira brasileira, que já anunciou ser esta a sua última Copa.

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Rafaelle, futebolista brasileira, participa de treino na Granja Comary em Teresópolis, em 20 de junho de 2023.
"Vamos brigar até o fim", promete RafaelleFoto: MAURO PIMENTEL/AFP

A camisa amarela às vezes pesa sobre os ombros do Brasil nas Copas do Mundo.

Certamente foi assim há quatro anos, quando uma derrota nas quartas de final para a anfitriã França deixou a atacante Geyse soluçando incontrolavelmente no gramado e a goleira Bárbara sentada próxima ao gol com um olhar estupefato.

Mas após uma vitória de 4 a 0 sobre o Panamá em Adelaide, impulsionada por três gols de Ary Borges, a equipe de Pia Sundhage já pode sonhar com uma redenção contra os franceses em Brisbane neste sábado (29/07).

A capitã Rafaelle, no entanto, insiste que as jogadoras não sentem um excesso de pressão.

"Acho que, sendo brasileiras, temos essa pressão do nosso país, pois amamos o futebol. Ele é sempre o esporte número um do nosso país", disse ela à DW.

"Mas não estamos no topo do ranking da Fifa. Então não sentimos essa pressão. Vamos brigar até o fim, mas vencer o torneio não é nossa obrigação. Vamos apenas dar nosso melhor e talvez ter a chance de colocar uma estrela no peito [simbolizando uma vitória na Copa do Mundo]."

Preparação perfeita

O Brasil chegou cedo à Austrália para um treinamento de duas semanas num resort de luxo em Gold Coast, cidade litorânea no sudeste de Queensland. O local foi criteriosamente escolhido para permitir que as jogadoras se sintam em casa no clima quente. Segundo a ex-zagueira do Arsenal, isso permitiu que elas se expressassem bem, sobretudo nos aquecimentos pré-treino.

"Eu sinto que é uma vibe brasileira", disse Rafaelle. "Somos brasileiras, gostamos muito de futebol e nos divertimos jogando. Então esse é [o melhor] aquecimento para nós. Jogando assim, é como se fôssemos crianças, e nos sentimos muito bem quando estamos em campo, quando podemos brincar e nos divertir no aquecimento."

No entanto, sob esta aparência tranquila, pulsa uma séria vontade de vencer uma Copa do Mundo pela primeira vez. E uma equipe que combina a experiência de Debinha, Rafaelle, Tamires e Andressa Alves com novos talentos como Geyse, Borges e Aline Gomes, de 17 anos, certamente tem potencial para tal.

Ninguém duvida disso quando se fala no talismã da equipe: Marta, de 37 anos. Disputando sua sexta Copa do Mundo, a atacante busca quebrar seu próprio recorde de 115 gols em 175 partidas pela seleção.

Marta, talvez a primeira superestrela global do futebol feminino, anunciou que esta Copa será sua última. É difícil fazer justiça ao impacto da atacante no jogo e na equipe, diz Rafaelle.

Marta, um exemplo a ser seguido

"Ela é muito importante para nós, não apenas dentro de campo, mas também fora dele, pois ela é uma grande referência para o futebol feminino."

Lilie Persson, auxiliar da seleção feminina, acrescentou que, mesmo em sua idade avançada e com as lesões começando a se acumular, Marta continua sendo um exemplo perfeito.

"Ela é tão competitiva. Durante todos os treinos, ela sempre faz o seu melhor, em cada detalhe. Mas, ao mesmo tempo, ela é uma pessoa tão humilde. Acho que foi isso que fez dela a melhor."

Embora Marta, assim como Megan Rapinoe, dos EUA, tenha deixado claras suas intenções pós-Copa, Rafaelle revelou que passará o torneio insistindo para que ela reconsidere a decisão. Se fracassar, ela quer pelo menos propiciar uma despedida em grande estilo para sua companheira de equipe — com um título inédito para o Brasil na Copa do Mundo feminina.

"Temos conversado muito sobre isso", conta. "E seria bom terminar com esta estrela para ela. Mas espero que não seja sua última Copa do Mundo. Ela é uma jogadora tão boa e espero que possa jogar um pouco mais com a seleção."

O Brasil se preparou bem para este torneio. Na América do Sul, a hegemonia da seleção já está garantida há muito tempo. Mas agora, com melhores instalações para os treinos, uma vitória sobre a Alemanha e uma derrota apertada nos pênaltis no jogo contra a Inglaterra na Finalíssima também aumentaram sua autoconfiança contra times europeus.

Independentemente de esta equipe levar ou não Marta para sua primeira final de Copa do Mundo desde a derrota para a Alemanha em 2007, seu legado está garantido. Para Rafaelle e as outras que a seguem na trilha que ela abriu, existe a determinação de ampliá-la ainda mais.