"Rainha das criptomoedas" entre os mais procurados pelo FBI
1 de julho de 2022Uma búlgara-alemã acusada de fraudar milhões de investidores através a criptomoeda falsa OneCoin foi incluída na lista dos dez fugitivos mais procurados pelo FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, informaram autoridades americanas nesta quinta-feira (30/06).
Ruja Ignatova, que ficou conhecida como a "rainha das criptomoedas", foi acusada em 2019 de oito crimes, incluindo fraude eletrônica e de valores mobiliários.
Segundo os investigadores, a fugitiva de 42 anos administrava a OneCoin como um esquema de pirâmide financeira, que gerou prejuízos de cerca de 4 bilhões de dólares (21,3 bilhões de reais).
Ignatova, que possui cidadania alemã, fundou a criptomoeda fictícia em 2014 na Bulgária, onde nasceu, afirmando que se tornaria a principal concorrente da Bitcoin, a criptomoeda mais popular do mundo.
Promotores americanos afirmam que a empresa oferecia comissões para que os membros convencessem mais pessoas a comprar a criptomoeda, que não possuía valor algum.
"Ela criou o esquema na época perfeita, ao conseguir capitalizar as especulações frenéticas dos primeiros dias das criptomoedas", disse Damian Williams, promotor federal de Manhattan. Ele descreveu a OneCoin como um dos maiores esquemas de fraude financeira da história.
"Uma das maiores fraudes da história"
A OneCoin prometia enormes compensações financeiras para seus usuários, de forma completamente fictícia. A empresa não empregava os mesmos termos utilizados pelas outras moedas virtuais. O valor era regulado pela própria companhia, e não pela demanda de mercado.
"A OneCoin alegava ter seu próprio blockchain", afirmou o agente especial do FBI Ronald Shimko, se referindo ao sistema que faz o registro das transações virtuais.
"Isso contrasta com as outras criptomoedas que são descentralizadas e utilizam blockchains públicos. Dessa forma, os investidores podiam apenas confiar na OneCoin", explicou Shimko. Milhões de investidores em todo o mundo caíram vítimas do esquema.
Ignatova foi indiciada em 2017 por uma Corte Distrital em Nova York, o que resultou em um mandado de prisão federal contra ela.
Pouco depois, ela desapareceu, após ter grampeado o apartamento de um namorado americano e descoberto que ele colaborava com o FBI nas investigações sobre a OneCoin. Segundo Williams, ela embarcou em um voo de Sofia para Atenas, na Grécia e, desde então, não foi mais vista.
O FBI oferece uma recompensa de 100 mil dólares por informações que levem à prisão de Ignatova, informou o diretor-assistente da instituição, Michael Driscoll. Ele, no entanto, se negou a dar pistas sobre o paradeiro da alemã. "Ela fugiu com uma grande quantidade de dinheiro em espécie", afirmou.
"O dinheiro consegue comprar muitas amizades, imagino que ela esteja se aproveitando disso", observou Driscoll. Os fugitivos são incluídos na lista do FBI quando os policiais têm motivos para acreditar que o público pode ajudar a rastreá-los.
Investigada na Alemanha
Ignatova foi acusada juntamente com o advogado corporativo Mark Scott, que, segundo os promotores, teria ajudado a lavar de cerca de 400 milhões de dólares para a OneCoin.
Ele foi condenado por conspiração para cometer lavagem de dinheiro e fraude bancária, após um julgamento em um tribunal federal em Manhattan.
Ignatova também é investigada na Alemanha por fraude e lavagem de dinheiro.
rc/cn (Reuters, AFP, DPA)