Rapidez e serviços: a receita do sucesso
22 de abril de 2003Quase um quinto das 1800 empresas norte-americanas que operam na Alemanha - principalmente nos setores automobilístico, energético e das tecnologias de informação - participaram do estudo. A primeira revelação é que seu lucro é quase o dobro do que conseguem as firmas alemãs, tomando-se como valor para a comparação a média de lucro das 30 empresas cotadas no DAX, o índice da Bolsa de Frankfurt.
Rentabilidade e decisões rápidas
Considerou-se tanto os dados econômicos "concretos", como por exemplo o lucro antes do pagamento de impostos e juros (EBIT), como também fatores menos quantificáveis. Embora as firmas norte-americanas apostem cada vez mais em executivos alemães para dirigi-las, porque eles conhecem melhor as práticas e leis que regem os negócios, as empresas de maior sucesso continuaram sendo bem "americanas", como expõe Andreas Back, da consultoria: "Os fatores 'americanos' diretamente ligados ao sucesso são, em primeiro lugar, estarem fortemente voltadas para o lucro e a rentabilidade, o que se reflete em todas as etapas e procedimentos de negócios e no gerenciamento. E depois, uma hierarquia simples, com poucas instâncias, e uma comunicação informal, o que agiliza as decisões".
Tal filosofia de negócios pode perfeitamente ser aplicada por alemães, ressalta Back. Afinal, as empresas norte-americanas empregam cerca de 800 mil pessoas, o que corresponde a 2% do mercado de trabalho na Alemanha. Os alemães constituem a grande maioria. Outro elemento "tipicamente americano", e que contribui para o sucesso, é o excelente atendimento ao cliente. O que é comum nos EUA, no Brasil e em muitos outros países, é exceção na Alemanha, diz o estudo realizado para a Câmara Teuto-Americana de Indústria e Comércio.
Cliente não conta muito na Alemanha
"Para as empresas norte-americanas, é óbvio que deve ser feito de tudo para satisfazer o cliente. Elas bem sabem que é muito mais caro conquistar um novo cliente do que vender um produto a alguém que já é cliente. E isso se expressa no tratamento dispensado ao comprador. Cada vez mais empresas alemãs adotam esse sistema, mas ainda vai demorar muito até que a importância de servir ao cliente se imponha de vez. Enquanto isso, as americanas levam vantagem na concorrência", diz o porta-voz da Droege & Comp.
Subsidiárias e demais firmas americanas faturam na Alemanha aproximadamente 450 bilhões de euros por ano, com o que os EUA são o maior investidor estrangeiro no país. O volume total dos investimentos norte-americanos chega a 40 bilhões de euros. E isso sem impor as condições reinantes no mercado estadunidense. Na Alemanha, a chamada filosofia do hire & fire (contratar e despedir quando preciso) seria inconcebível, uma vez que o direito trabalhista vale para todos. As empresas americanas, por sua vez, também têm que se arranjar com os sindicatos.
Sindicatos, co-gestão e diferentes filosofias
"Isso nem sempre é fácil", comenta Klaus Franz, presidente do conselho dos funcionários da Opel. Na Alemanha muita coisa funciona de forma diferente. O mercado de trabalho é mais regulamentado, frente à liberdade e à liberalização que caracterizam os EUA. Nesse sentido, executivos americanos, que desconhecem a co-gestão, muitas vezes se admiram de ver sindicatos alemães se intrometerem na política empresarial, em vez de tratar exclusivamente de salários ou condições de trabalho.
"É preciso aprender um com o outro. Nós precisamos aprender a lidar com os executivos americanos. Por outro lado, eles precisam respeitar os costumes e a tradição de diálogo na Alemanha e na Europa. Eu pude observar que os americanos que vieram trabalhar na Europa souberam reconhecer as vantagens da co-gestão e até levaram a idéia para os EUA", relata Klaus Franz.