Rebeldes preparam ofensiva no leste da Ucrânia
23 de janeiro de 2015O líder dos separatistas em Donetsk, Alexander Zakharchenko, afastou nesta sexta-feira (23/01) a possibilidade de iniciativas de paz por parte dos rebeldes e advertiu que suas forças preparam uma ofensiva para ampliar o seu domínio.
"Nosso lado deixará de tentar novas conversações sobre tréguas. Não haverá mais cessar-fogo. Vamos avançar até a fronteira da província de Donetsk", disse o líder rebelde, citado por agências de notícias russas.
A Otan também declarou que tem indícios de que uma grande ofensiva rebelde está para acontecer, dada a quantidade de armamento pesado que está sendo deslocada a partir da Rússia.
Esta semana, o governo em Kiev denunciou que tropas e armamento russo cruzaram a fronteira com a Ucrânia, o que permitiu aos rebeldes separatistas expulsar as tropas ucranianas para fora do aeroporto de Donetsk, que estava sob disputa.
"Grupos terroristas russos violaram todos os acordos anteriores de cessar-fogo e estão assumindo suas operações ativas ofensivas", disse o chefe do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Olexandr Turtchinov, durante uma reunião do governo, nesta sexta-feira. "Estamos falando de unidades ativas das Forças Armadas russas", acrescentou.
Os combates entre o governo de Kiev e os rebeldes pró-Rússia se intensificaram nos últimos dias no leste ucraniano. Os rebeldes passaram a dominar mais território do que havia sido acertado num cessar-fogo assinado em setembro, em Minsk, em Belarus.
UE ameaça com novas medidas
O ministro do Exterior da Letônia, Edgars Rinkevics, que tem um papel de liderança na diplomacia da União Europeia (UE), afirmou nesta sexta que a nova onda de violência no leste ucraniano está prejudicando o acordo de cessar-fogo com a Rússia e advertiu que a UE pode tomar novas medidas para penalizar Moscou.
"Se a Rússia não implementar ou não concorda em implementar esses acordos, teremos que verificar, em nível de União Europeia, que tipos de pressão adicional podemos aplicar", disse Rinkevics.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou o governo em Kiev de ter lançado uma ofensiva "criminosa" contra os separatistas, culpando-o pelo recente acirramento do conflito no leste do país e pelas dezenas de mortes. Além disso, Putin ressaltou que a Ucrânia ainda não respondeu a uma proposta enviada por ele ao presidente ucraniano, Petro Poroshenko, de retirar as armas pesadas da linha de demarcação estabelecida em setembro.
Segundo estimativa das Nações Unidas, desde o início do conflito, em abril de 2014, mais de 5 mil pessoas morreram e aproximadamente 11 mil foram feridas. A ONU, no entanto, teme que estes números possam ser ainda maiores. Somente nos últimos nove dias, 262 pessoas perderam a vida devido aos combates entre soldados do governo e separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.
PV/rtr/afp/dpa