Rebelião em Roraima tem detentos decapitados
17 de outubro de 2016Um confronto entre facções durante rebelião numa penitenciária em Monte Cristo, zona rural de Boa Vista (RR), terminou com detentos decapitados e queimados neste domingo (16/10). Dez presos morreram no presídio.
A rebelião começou durante o horário de visitas na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. Cerca de 100 parentes dos presidiários teriam sido tomados como reféns durante algumas horas, antes de serem libertados pela polícia.
Os presos, armados com facas e objetos de madeira, conseguiram romper cadeados e invadir outra ala, iniciando um confronto entre grupos rivais. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar invadiu o presídio e libertou os reféns.
Todas as vítimas são integrantes da facção Comando Vermelho, que domina 10% do presídio. Os outros 90% são do grupo rival Primeiro Comando da Capital.
Segundo o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel de Castro, a rebelião foi uma determinação nacional da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, de atacar os integrantes do Comando Vermelho, grupo criminoso do Rio de Janeiro.
A penitenciária permanece ocupada pelos policiais, enquanto equipes do Instituto Médico Legal (IML) realizam perícia e a remoção dos corpos. O fato de muitas das vítimas terem sido queimadas dificultou a divulgação de uma cifra oficial de mortos.
A unidade onde aconteceu o confronto hoje abriga 1.400 presos, o dobro da capacidade – um problema que já foi chamado de endêmico pela ONU.
De acordo com as Nações Unidas, nas últimas duas décadas, a população carcerária brasileira cresceu de forma rápida, e hoje o país tem o quarto maior número de presos do mundo.
Segundo o Ministério da Justiça, o último Levantamento de Informações Penitenciárias, de junho de 2014, mostrou que a população carcerária brasileira é superior a 607 mil pessoas e que o déficit de vagas passa de 231 mil.
Rebelião em Rondônia
Outra rebelião ocorreu nesta segunda-feira na Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiro, em Porto Velho. Oito presos morreram, vítimas de um incêndio iniciado após uma briga entre membros de facções rivais.
Dois outros presos foram transferidos para um hospital em Porto Velho, com sintomas de sufocamento por inalação de fumaça.
A Polícia Civil de Rondônia informou as mortes foram resultado de uma disputa entre os membros do Comando Vermelho e do PCC.
RC/lusa/abr/afp