1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Cortes controvertidos

27 de outubro de 2009

Após três semanas de negociações, os partidos que sustentam o novo mandato de Merkel estão satisfeitos com os acordos fechados. Mas a redução de impostos planejada pelo novo gabinete colhe críticas, não só da oposição.

https://p.dw.com/p/KGoE
A chefe de governo sorri. Mas oposição e governos estaduais criticamFoto: AP

O clima geral é de satisfação entre os integrantes dos partidos da coalizão que sustentará o segundo mandato de Angela Merkel. Os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e sua agremiação irmã, a União Social Cristã (CSU), e o Partido Liberal Democrático (FDP) aprovaram o contrato de coalizão, documento de 124 páginas com as diretrizes para os próximos quatro anos.

A chanceler federal Angela Merkel prometeu um governo de toques mais acentuados de economia de mercado, mas não garantiu que esquecerá o lado social da democracia cristã. "Não tenho dúvidas de que conseguiremos uma boa colaboração com o Partido Liberal. Mas seremos a força, a força do meio, que fica atenta para que, de um lado, seja possível o crescimento econômico em nosso país e, do outro, que se faça realmente valer os interesses de todos, e que tenhamos um coração para as pessoas que precisam de ajuda e solidariedade“, afirmou a chefe de governo alemã.

Crescimento como bandeira

O novo gabinete planeja uma ampla redução de impostos, para estimular a economia em tempo de crise, ressaltou Merkel. "Por isso, decidimos seguir um caminho que tenha o crescimento como bandeira, sem garantia de que dará certo, mas que pelo menos busca a chance para que dê."

Entretanto, não só oposição é cética quanto às chances de os cortes de impostos alavancarem a economia alemã. Estados federais governados por democrata-cristãos estão encarando os planos com preocupação, temendo que possam acarretar uma sobrecarga para os caixas das administrações regionais.

O secretário de Finanças do estado de Renânia-Palatinado, Carsten Kühl, afirmou que a redução de impostos arruinará por anos os orçamentos dos estados. Ele lembrou que sua região tem um déficit anual de mais de 500 milhões de euros, devido aos cortes de arrecadação já realizados até agora.

Segundo Kühl, as novas deliberações poderão custar aos governos regionais cerca de 700 milhões de euros em gastos adicionais. Críticas também vieram de líderes dos estados da Turíngia, Sarre, Baden-Württemberg, Saxônia-Anhalt, Berlim e Hamburgo.

"Besteira para segurança e economia"

Na oposição, ninguém acredita que a ideia dê certo. O líder da bancada dos social-democratas no parlamento alemão, Frank-Walter Steinmeier, avisa que governo está contando com um crescimento econômico de 8% a 9%, o que é, na sua avaliação, uma previsão irreal diante da atual crise.

Infografik Amtliches Endergebnis Bundestagswahl 2009 portugiesisch brasilianisch
Com 239 membros, conservadores cristãos são maior bancada do parlamento alemão

A presidente dos verdes, Claudia Roth, chamou o contrato de coalizão de um programa de "pouca seriedade político-financeira". Ela também criticou duramente os planos do novo governo de prolongar funcionamento dos reatores nucleares.

"Isso é uma loucura, não só em termos de política de segurança, mas também no contexto de política estrutural, porque assim são enterradas as chances de promover energias renováveis, eficiência energética e, indiretamente para a criação de empregos em um país que costumava ser líder tecnológico no setor."

Novo parlamento tem sessão inaugural

O partido A Esquerda acusou o novo governo de, com seu programa, continuar desmantelando o Estado social alemão. A única ressalva positiva do partido se dirigiu ao projeto do futuro ministro do Exterior, Guido Westerwelle, de fazer da Alemanha uma região livre de armas atômicas.

"Se a Europa se tornar livre de armas atômicas, se o mundo se tornar livre de armas atômicas, como foi sugerido também por Barack Obama, damos nosso total apoio", afirmou Dietmar Bartsch, um dos líderes da Esquerda. "Seria um novo desafio, não só do ministro do Exterior, mas também do ministro da Defesa“, complementou.

O novo parlamento alemão se reuniu pela primeira vez nesta terça-feira (27/10), quatro semanas após as eleições gerais. A sessão inaugural serviu para reeleger o atual presidente da casa, o deputado Norbert Lammert (CDU). A nova legislatura do parlamento alemão conta com 622 deputados, 11 a mais que no final do último período legislativo.

Um terço dos parlamentares começa agora o seu primeiro mandato. Os social-democratas tiveram a maior perda em relação às últimas eleições, enviando 146 membros, 76 representantes a menos do que em 2005. Os democrata-cristãos formam a maior bancada, com 239 integrantes. Os liberais do FDP são a terceira força no legislativo alemão, com 93 deputados. A bancada do partido A Esquerda possui 76 deputados, enquanto os verdes têm 68.

Autor: Bettina Marx / Marcio Damasceno
Revisão: Augusto Valente