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Referendo grego divide prêmios Nobel de Economia

Michael Knigge (rpr/pv)1 de julho de 2015

Gregos decidirão em consulta popular se concordam com exigências dos credores para concessão de ajuda a Atenas. Christopher Pissarides, Paul Krugman e Joseph Stiglitz avaliam consequências do "sim" e do "não".

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Foto: Reuters/M. Djurica

A escalada na crise grega, que culminou nesta terça-feira (30/06) num calote técnico no Fundo Monetário Internacional (FMI), divide economistas. Laureados com o Prêmio Nobel de Economia vêm demonstrando distintas interpretações sobre como votariam no referendo do próximo domingo (01/07), em que os gregos decidirão se aceitam ou não as medidas sugeridas pelos credores em troca de um novo pacote de resgate.

Em artigo no jornal britânico The Guardian, o americano Joseph Stiglitz escreveu: "É difícil aconselhar os gregos sobre como votar em 5 de julho. Nenhuma alternativa – aprovação ou rejeição das condições da troica – será fácil, ambas apresentam riscos."

Mas um "sim" às propostas, continuou o economista, significaria "uma depressão praticamente sem fim". Segundo ele, ao mesmo tempo em que permitiria à Grécia ter um alívio nas dívidas e acesso a ajudas do Banco Mundial nas próximas décadas, os cidadãos teriam que pagar um preço alto.

USA Joseph E. Stiglitz Professor Columbia University
Joseph StiglitzFoto: World Economic Forum/Benedikt von Loebell

O resultado, afirma Stiglitz, seria um país marcado pela escassez, que liquidou todos os seus ativos e onde a população jovem acabou emigrando. O economista americano argumenta que votar no "não", por sua vez, abriria finalmente a possibilidade de que a Grécia, "com sua forte tradição democrática", possa assumir as rédeas de seu destino.

"Eu sei como eu votaria", encerra Stiglitz, deixando em aberto ao leitor sua opinião.

Stiglitz: uma história de má gestão

Já o britânico-cipriota Christopher Pissarides expôs uma posição mais clara. O Nobel de 2010, que no início do ano defendeu, em carta aberta assinada com Stiglitz, um alívio da dívida grega, disse que votaria no "sim".

Christopher Pissarides Nobelpreisträger Wirtschaft
Christopher PissaridesFoto: picture-alliance/Sun Xinming/Imaginechina

"Eu votaria no 'sim' e vou encorajar todos que puderem a votar no 'sim', porque votar no 'não' seria um completo beco sem saída e acabaria levando o país ao Grexit [termo usado para a saída da Grécia da zona do euro]", disse o economista, em entrevista à DW.

Pissarides argumentou que, com o voto 'não', ele não consegue ver como Atenas poderia permanecer no euro e obter liquidez do Banco Central Europeu (BCE) para movimentar novamente a economia. "A Grécia estaria caminhando para trás e rumo à mais recessão."

Ele também expressou profunda frustração com a forma com que o governo grego está lidando com os assuntos econômicos. "E tenho que confessar, agora que vejo todo o desenvolvimento da política econômica grega desde a eleição do Syriza em janeiro, que isso [a crise financeira] é realmente uma longa história de má gestão econômica."

Krugman: jogada europeia

Paul Krugman, ganhador do Nobel de Economia de 2008, escreveu em sua coluna no site do jornal americano New York Times sobre a crise grega e sua opinião se assemelha com a de Stiglitz.

Paul Krugman Wirtschaftswissenschaftler Wirtschaft
Paul KrugmanFoto: DON EMMERT/AFP/Getty Images

"Votaria no 'não' por duas razões", disse Krugman. "Em primeiro lugar, por mais que a perspectiva de uma saída do euro assuste a todos – a mim inclusive – a troica está agora, de fato, exigindo que o regime político dos últimos cinco anos continue de forma indefinida. Onde está a esperança nisso?"

O segundo argumento de Krugman é que as consequências políticas de votar no "sim" seriam profundamente problemáticas: "A troica claramente fez o oposto de Corleone: fez a Tsipras uma proposta que ele não poderia aceitar e possivelmente fez isso sabendo. O ultimato foi, na verdade, um movimento para substituir o governo grego. E, mesmo que você não goste do Syriza, isso é inquietante para qualquer um que acredite nos ideais europeus."