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Refugiados sírios não são bem-vindos na Europa

Christoph Hasselbach (ca)15 de setembro de 2013

A União Europeia está chocada com os horrores da guerra civil na Síria e com o drama dos refugiados. No entanto, a maioria dos Estados-membros prefere se manter de fora, quando se trata de receber os necessitados.

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Mais de 2 milhões já fugiram da Síria, devido à guerraFoto: DW

A comparação é uma vergonha para a Europa: por volta de 2 milhões de sírios fugiram da guerra civil e vivem em abrigos temporários, principalmente nos países vizinhos Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque. Dentro de um programa das Nações Unidas, a Europa está recebendo apenas cerca de 10 mil refugiados – e isso contra a vontade e somente depois de apelos desesperados dos países afetados e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Na Alemanha, 5 mil deles encontrarão abrigo, no contexto do programa especial. Eles vão se juntar a cerca de outros 15 mil que pediram asilo no país. A Suécia também está sendo relativamente generosa: os sírios que lá vivem, podem permanecer indefinidamente.

Por outro lado, muitos outros Estados-membros da União Europeia (UE) se fecharam ao apelo do Acnur. Até agora, a contribuição da Europa para o problema de refugiados se resumiu ao apoio financeiro a países vizinhos da Síria: os países-membros da União Europeia contribuíram com cerca de 1,5 bilhão de euros, de forma individual ou a partir do fundo comum.

Alguns não fazem nada

A questão de como lidar com o problema dos refugiados também é objeto de controvérsia no Parlamento Europeu. Em conversa com a Deutsche Welle, Nadja Hirsch, eurodeputada alemã pelo Partido Liberal Democrático (FDP), defendeu que a UE deve apresentar "um programa europeu de acolhimento de refugiados".

Segundo a parlamentar, sua bancada quer que "não sejam apenas dez países a acolher 90% dos solicitantes, como é o caso no momento, mas que os pedidos de asilo sejam distribuídos através da UE realmente de acordo com a população e o poder econômico".

Porträt - Nadja Hirsch
Nadja Hirsch, eurodeputada pelo Partido Liberal alemãoFoto: picture-alliance/dpa

Para Hirsch, também a Alemanha deve aumentar seu número de refugiados e, para tal, possivelmente promover a reunião familiar de modo mais generoso. Ela se disse decepcionada com os grandes Estados da UE como a França e Reino Unido, que só se dispõem a acolher 2 mil refugiados, cada um. A deputada liberal crê que desses dois grandes países "se poderia esperar muito, muito mais".

Distribuição equitativa ou boa vontade?

A também eurodeputada Monika Hohlmeier, da União Social Cristã (CSU), vê a questão de maneira diferente, apesar de, juntamente com a CDU, ambos os partidos formarem a coalizão de governo em Berlim. Hohlmeier pisa no freio, no tocante ao acolhimento de refugiados sírios. Em entrevista à Deutsche Welle, ela afirmou que "não poderemos resolver uma guerra civil da pior espécie num país tão grande quanto a Síria por meio do acolhimento [de refugiados] em outros países deste mundo. Isso simplesmente não é possível".

A conservadora cristã também apoia o contingente especial de 5 mil pessoas que a Alemanha pretende receber, mas não está de acordo com uma distribuição dos refugiados ditada pela UE, "porque ela já está sendo feita. Os ingleses estão recebendo, os suecos, os alemães, os dinamarqueses". Por outro lado, os países pobres da UE estão recebendo um número menor de refugiados. "Por esse motivo, é provavelmente bastante sensato que os países capazes de cuidar da situação realmente o façam."

Por outro lado, segundo Hohlmeier a Comissão Europeia deveria pressionar a Itália e a Grécia a "finalmente estabelecer um sistema de asilo ordenado, de forma que os refugiados também possam encontrar ali um abrigo e não sejam enviados adiante" – para a Alemanha, por exemplo.

"A cada ano, uma pequena cidade"

Mas a Europa algum dia vai abrir suas portas, de forma voluntária e de bom grado, para os que procuram ajuda? A eurodeputada liberal Nadja Hirsch admite que não se pode esperar muito dos políticos. "É um fato que os países-membros não gostam de lidar com a questão dos refugiados. Este não é um tema com que renda pontos na política interna."

A resistência na sociedade é grande. Prova disso também é o crescimento de partidos xenófobos de extrema direita, em diversos países – seja a Frente Nacional na França, o Partido da Independência do Reino Unido ou o Jobbik na Hungria.

Monika Hohlmeier
Social-cristã Monika Hohlmeier acha que acolhimento de refugiados não resolve problema da guerraFoto: picture-alliance/dpa

A atitude defensiva generalizada frente aos migrantes vem do medo de que, além dos refugiados de nações islâmicas, também entrem extremistas no país. Por esse motivo, algumas pessoas na Alemanha defendem que seja dada a preferência aos sírios cristãos.

Monika Hohlmeier, contudo, se defende da acusação de que a Europa estaria fechando suas fronteiras. "Quando vejo a Suécia, a Dinamarca, mas também quando vejo as contribuições da Alemanha, são pequenas cidades, de fato, que estão sendo acolhidas a cada ano, regularmente."

A liberal Hirsch tampouco deseja sinalizar que qualquer um pode vir. Mas, de qualquer forma, ela acredita que a maioria dos sírios só procura escapar do perigo imediato, pretendendo voltar para sua pátria, assim que lá possa viver novamente em paz.