Regime sírio pede ajuda financeira à aliada Rússia
4 de agosto de 2012Pressionada economicamente pelas sanções impostas pelos países ocidentais e pela contínua resistência dos grupos rebeldes, a Síria pediu nesta sexta-feira (03/08) ajuda financeira à sua aliada Rússia. De acordo com a imprensa russa, o vice-chefe de governo sírio, Kadri Jamil, queixou-se da carência de derivados do petróleo, como diesel, no país, durante conversa com autoridades em Moscou.
A delegação síria teria pedido também "uma certa soma em moeda forte para poder atravessar esta situação difícil em que a Síria hoje se encontra". Do lado russo, no entanto, ainda não houve qualquer reação. Integrante com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, a Rússia veio até agora demonstrando fidelidade ao presidente Bashar Al Assad, ao vetar no órgão todas as resoluções contrárias a Damasco. A última delas foi apresentada durante a Assembleia Geral da ONU desta sexta-feira.
"A Rússia assumiu a tarefa de apoiar economicamente a Síria em sua atual situação", disse Jamil, que agora vai aguardar passos mais concretos por parte do país aliado. Jamil também se queixou que as sanções impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos seriam ilícitas.
O embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Tchurkin, criticou a mais recente condenação ao regime sírio durante a assembleia da ONU. "Esta resolução apenas endurece os confrontos e não leva ao diálogo as partes em conflito", afirmou em Nova York. Moscou rejeita qualquer exigência pela renúncia do presidente Assad.
Franco apoio da Rússia e China
A China e a Rússia têm sistematicamente usado seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para bloquear todas as tentativas dos países ocidentais e árabes contra Assad. A China também é aliada declarada de Assad.
Na sexta-feira, ambos os países recusaram-se a apoiar a resolução da ONU condenando a violenta repressão do governo sírio aos dissidentes. No entanto, a resolução foi aprovada por ampla maioria, com 133 votos contra 12. Os demais opositores à medida foram Cuba, Irã, Coreia do Norte, Belarus, Bolívia, Nicarágua, Mianmar, Zimbábue, Venezuela e a própria Síria.
Em reação às críticas dos Estados Unidos e de países europeus de que chineses e russos estariam dificultando os esforços mundiais pela paz na região, a China culpou o Ocidente de impedir uma solução diplomática e política da crise na Síria, ao insistir em mudanças no regime.
"Estamos nos opondo à intervenção em relações internas, à imposição de mudança no regime e ao apoio à ação militar", afirmou Long Zhou, consultor do ministro chinês do Exterior. "Os países responsáveis por tais atos e observações deveriam repensar o papel que têm desempenhado, e quem tem sido o real obstáculo à resolução da crise na Síria", acusou, em referência oblíqua aos EUA, que insistem na saída de Assad do poder.
Morte de sequestrado
Os confrontos na Síria continuam intensos, sem que haja um fim à vista. Neste sábado, em comunicado na internet, o grupo extremista islâmico Al Nusra Front reivindicou a autoria do sequestro e execução de Mohammed al Said. O conhecido apresentador da televisão estatal fora raptado por desconhecidos no dia 19 de julho, de sua casa em Damasco.
"Que sirva de lição para todos aqueles que apoiam o regime", diz o comunicado da Al Nusra Front. Segundo porta-voz do grupo Observatório dos Direitos Humanos na Síria, a organização radical seria um braço da rede terrorista Al Qaeda.
O Observatório divulgou ainda que em julho último registrou-se o maior número mortes, desde o início dos conflitos na Síria em março de 2011. De acordo com o órgão, pelo menos 4.239 pessoas morreram, entre elas 3.001 civis, 1.113 soldados e 105 desertores. Calcula-se que o total das vítimas fatais já alcance 19 mil, ao longo destes 17 meses de confrontos.
MSB/dpa/ap/afp
Revisão: Augusto Valente