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Região separatista vai às urnas na Ucrânia

Inna Kupriyanova (ca)1 de novembro de 2014

Movimentos rebeldes participam da eleição na autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste ucraniano. Os candidatos são, na maioria, desconhecidos. Até o momento, somente a Rússia planeja reconhecer o pleito.

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Foto: picture-alliance/AP Photo

Iosif Kobzon foi recebido com casa cheia e aplausos estrondosos na Ópera de Donetsk. Ele se apresentou junto ao grupo de cantores e dançarinos do Ministério do Interior da Rússia e promoveu a participação popular nas "eleições" para o Parlamento da autoproclamada "República Popular de Donetsk", a serem realizadas neste domingo (02/11).

No final de seu concerto, o velho mestre da canção soviética chamou ao palco o "primeiro-ministro" da "república popular", Alexander Zakharchenko. Atualmente, no entanto, quem determina a vida em Donetsk não é música, mas a política e a guerra. Ali e na região vizinha de Lugansk, os rebeldes querem selar a separação da Ucrânia com o planejado pleito.

"O estilo desta campanha eleitoral lembra o antigo Partido das Regiões, que antes detinha o poder na Ucrânia", disse Serguei, um residente em Donetsk. "Mas, hoje, o adversário não é um rival político, mas o Estado da Ucrânia", disse.

Quem está por trás de Alexander Zakharchenko?

A "comissão eleitoral" da autoproclamada República Popular de Donetsk registrou a inscrição de três candidatos para concorrer ao posto de chefe de governo. O mais conhecido de todos é Zakharchenko, que somente há pouco tempo entrou na cena política. Atualmente, ele aparece em quase todos os noticiários da TV local. Seu nome também está na maioria dos outdoors.

A mídia ucraniana suspeita que, por trás dessa publicidade maciça em prol de Zakharchenko, esteja o oligarca Rinat Akhmetov, antes considerado o "poderoso chefão" da região de Donbas. Mas com a fuga do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovytch para a Rússia, Akhmetov perdeu sua influência política.

Segundo a revista ucraniana Insider, Zakharchenko era bem próximo da holding empresarial de Akhmetov e de deputados do Partido das Regiões. As empresas do grupo negam, no entanto, que Zakharchenko tenha trabalhado para elas.

Ostukraine Krise Alexander Sachartschenko Archiv 07.08.2014
Zakharchenko é o principal candidatoFoto: Reuters

Yuri Zivokonenko e Alexander Kofman são os dois outros candidatos ao cargo de chefe de governo da República Popular de Donetsk. O que se sabe sobre eles é que são deputados parlamentares da autoproclamada república.

Dois grupos participam da eleição legislativa

Futuramente, cem deputados deverão fazer parte do Parlamento da "República Popular de Donetsk". Somente dois "movimentos sociais" estão concorrendo na eleição – a República de Donetsk e o Donbas Livre. Ambos os grupos estão comprometidos com a separação da Ucrânia.

A República de Donetsk é liderada por Andrei Purgin, um dos líderes dos rebeldes. O movimento existe desde 2005 e foi proibido por Kiev como organização separatista. Os seus principais candidatos são Zakharchenko, Purgin e Denis Pushilin, que aparece às vezes em Donetsk, às vezes em Moscou. O Movimento Donbas Livre foi criado somente em outubro de 2014 por parlamentares da autoproclamada república.

Os nomes dos membros dos dois movimentos não dizem muita coisa à maioria das pessoas em Donbas. "Quando estas pessoas com metralhadoras assumiram o poder, elas não nos perguntaram muita coisa. Elas simplesmente vieram e assumiram o controle de tudo. E agora esses desconhecidos querem realizar eleições. Mas não existem nem adversários", afirmou Marina, residente de Donetsk que rejeita as eleições.

Wahlkampagne in Donezk
O movimento Donbas Livre promete "paz, trabalho e independência"Foto: Inna Kuprijanova

Possibilidade de fraude

O número exato de pessoas dispostas a participar da votação não é conhecido. Pois não há levantamentos confiáveis. No total, estima-se que 3.198.000 cédulas eleitorais tenham sido impressas. Esse foi o suposto número de pessoas que participou do controverso referendo no dia 11 de maio. Segundo dados de Donetsk, nessa consulta popular não reconhecida internacionalmente, a maioria dos eleitores teria votado a favor da separação da região.

A fraude eleitoral também não pode ser descartada na atual eleição. Também é possível votar através da internet. Isso proporciona várias possibilidades de fraude. Na mídia social, é grande a discussão sobre o assunto. Até agora, somente a Rússia planeja reconhecer as chamadas eleições do dia 02 de novembro na autoproclamada "República Popular de Donetsk".

Enquanto isso, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, como também representantes da comunidade internacional, falam de "pseudoeleições". Eles apelam para que sejam respeitados os acordos assinados com os separatistas e a Rússia, sob a intermediação da OSCE (Organização para Cooperação e Segurança na Europa), em Minsk.

Segundo esse acordo, as eleições locais deverão ser conduzidas sob o direito ucraniano. O Parlamento em Kiev havia marcado um respectivo pleito para o dia 07 de dezembro. Tais eleições deveriam decidir sobre um estatuto especial para certos distritos em Donbas.