Reino Unido
25 de maio de 2010Duas semanas após a posse do novo governo no Reino Unido, a rainha Elizabeth 2ª apresentou, em seu tradicional discurso, o programa da coalizão que governará o país. O equilíbrio do orçamento público é visto pelos conservadores, partido majoritário, sob os auspícios do premiê David Cameron, como "a prioridade máxima" do novo governo no momento.
Funcionários públicos e membros do governo terão que se acostumar a um novo ritmo. Segundo anunciou o ministro britânico das Finanças, George Osborne, nesta terça-feira (25/05), o pacote de medidas de contenção de gastos inclui cortes em programas de tecnologia e informação, bem como nas viagens de membros do governo.
Novos postos de trabalho no serviço público estarão suspensos até segunda ordem. Com todas essas medidas, o governo britânico pretende economizar nada menos que 7,17 bilhões de euros.
Primeira e não última
"É a primeira vez que esse governo informa sobre decisões difíceis a respeito dos gastos públicos", declarou Osborne, há apenas uma semana e meia no cargo. "E essa não será a última vez", completou o ministro.
A dívida pública do Reino Unido, país que não faz parte da zona do euro, correspondeu a 11,5% do PIB do país no último ano, de acordo com informações da Comissão Europeia. Segundo Osborne, é necessário discutir "o que ainda podemos nos dar o luxo de ter, no futuro". O ministro não quis entrar no mérito de um possível aumento tributário.
Ministros no metrô
A proposta do novo governo é que os funcionários públicos do alto escalão sejam um exemplo à população. Por isso, os ministros britânicos, a partir de agora, não terão mais carro oficial nem motorista à disposição, sendo convocados a se deslocarem para o trabalho de transporte público.
"Espera-se dos ministros que venham trabalhar a pé ou usando transporte público ou, sempre que possível, que façam uso de um pool coletivo de veículos", sugeriu David Laws, titular do Tesouro. O novo pacote econômico também prevê que os membros do governo evitem voos na primeira classe.
As medidas de contenção de gastos atingem também os organizadores dos Jogos Olímpicos, a serem realizados em 2012 em Londres. O orçamento dos organizadores sofreu um corte de 27 bilhões de libras esterlinas, um valor que corresponde, contudo, a apenas 2% do valor total do orçamento do governo para o evento. O ministro dos Esportes, Hugh Robertson, afirmou que os cortes não irão "colocar os Jogos em risco".
Limites para imigrantes de fora da UE
Além das medidas de austeridade, o governo britânico anunciou que pretende limitar o poder de Bruxelas, passando as sugestões da UE para aprovação no país através de plebiscitos.
Até o próximo discurso da rainha, em novembro de 2011, 22 novas leis deverão ser aprovadas no país, entre estas legislações que regulamentam reformas nos sistemas de saúde e de ensino, da estrutura policial e dos correios. Outro ponto do programa será uma limitação da imigração de países de fora da UE.
O Reino Unido tem, pela primeira vez na história do pós-guerra, um governo de coalizão composto por conservadores (Tories) e liberal-democratas.
SV/dpa/apn
Revisão: Roselaine Wandscheer