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SociedadeReino Unido

Reino Unido começa a deter migrantes que irão para Ruanda

1 de maio de 2024

Londres espera deportar mais de 5 mil requerentes de refúgio neste ano, sob uma controversa nova lei que terceiriza para o país africano os pedidos de asilo.

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Barco com migrantes
Política migratória do governo britânico busca deter fluxo de migrantes que chegam ilegalmente ao paísFoto: Jordan Pettitt/PA Wire/empics/picture alliance

O governo do Reino Unido confirmou nesta quarta-feira (01/05) que começou a prender requerentes de refúgio que serão enviados para Ruanda no âmbito de uma controversa nova lei de deportação.

Na semana passada, após meses de disputas parlamentares, os legisladores britânicos aprovaram um projeto de lei que permite a deportação imediata de migrantes de qualquer nacionalidade que chegam ao país de forma irregular.

A partir de julho, eles serão transferidos de avião para Ruanda, a quase 7 mil quilômetros de distância. Segundo a lei, as autoridades do país africano farão todo o processamento do pedido de refúgio. Mas o migrante não retorna ao Reino Unido se a solicitação de asilo for aceita, e sim fica em Ruanda.

A política do primeiro-ministro conservador Rishi Sunak é uma tentativa de combater o fluxo de migrantes que chegam ao Reino Unido em pequenos barcos vindos da Europa continental.

Relatos de que agentes de imigração estavam detendo pessoas destinadas aos voos de deportação para Ruanda surgiram no início desta semana. Nesta quarta, o Ministério do Interior britânico confirmou que "uma série de operações a nível nacional" estava em curso.

"Os primeiros migrantes ilegais a serem enviados para Ruanda foram agora detidos", disse a pasta. Chamando a ação de "outro marco importante" no plano de Ruanda, o ministério divulgou fotografias e um vídeo de agentes de imigração detendo vários migrantes em diferentes residências. Eles foram vistos sendo levados com algemas e colocados em veículos de segurança reforçada.

O ministro do Interior, James Cleverly, disse que as autoridades estão "trabalhando em ritmo acelerado para deter rapidamente aqueles que não têm o direito de estar aqui, para que possamos fazer os voos decolarem".

Na terça-feira, o governo revelou que espera deportar 5.700 migrantes para Ruanda neste ano, um número que o governo ruandês "a princípio" concordou em aceitar. Desses, 2.143 já "podem ser localizados para detenção". Ministros britânicos garantiram que o restante será encontrado pelas forças de aplicação da lei.

O governo do Reino Unido informou nesta quarta que aumentou sua capacidade de detenção para mais de 2.200 vagas antes dos primeiros voos para Ruanda. Aviões comerciais fretados também foram reservados, e um aeroporto foi colocado em espera, acrescentou.

Primeira deportação para Ruanda

Já na terça-feira, Londres confirmou que um primeiro requerente de refúgio foi enviado para Ruanda, mas em um esquema voluntário separado.

Segundo a imprensa britânica, o homem não identificado – que não é ruandês, mas seria de "origem africana" – deixou o Reino Unido na segunda-feira. Ele concordou em ser enviado para Kigali após ter seu pedido de refúgio rejeitado no final do ano passado. O migrante teria recebido uma oferta de 3 mil libras (cerca de R$ 19.400) de ajuda financeira. 

Ruanda, que tem uma população de 13 milhões de pessoas, afirma ser um dos países mais estáveis do continente e tem recebido elogios por sua infraestrutura moderna.

Mas grupos de direitos humanos acusam o veterano presidente Paul Kagame de governar em um clima de medo, sufocando a dissidência e a liberdade de expressão.

Membros do Partido Conservador britânico do premiê Sunak argumentam que a simples ameaça de serem deportados para Ruanda impedirá dezenas de milhares de chegadas anuais ao Reino Unido. Eles ainda insistem que a política migratória já está tendo um impacto.

Mas as estatísticas oficiais mostram que as chegadas aumentaram em mais de um quarto no primeiro terço do ano em comparação com o mesmo período de 2023.

ek (AFP, Reuters)