Reino Unido diz que tomará medidas contra cepa brasileira
13 de janeiro de 2021O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou nesta quarta-feira (13/01) que o governo britânico busca maneiras de impedir que uma nova variante do coronavírus encontrada no Brasil entre no país europeu, que já é atingido por uma outra cepa mais contagiosa.
"Estamos preocupados com a nova variante brasileira. Já adotamos medidas duras para proteger este país de novas infecções vindas do exterior. Estamos tomando medidas para fazer isso [também] em relação à variante brasileira", disse o premiê britânico.
Ele se referia a uma variante do coronavírus encontrada no Amazonas e que foi identificada em quatro viajantes que passaram pelo estado brasileiro e retornaram ao Japão.
Johnson afirmou que "ainda há muitas questões" em aberto sobre essa nova cepa, incluindo se ela é resistente às vacinas que já estão sendo usadas contra a covid-19.
O premiê participava de uma sessão do Comitê de Ligação, que reúne presidentes das diferentes comissões parlamentares britânicas, e respondia a uma pergunta de Jeremy Hunt, ex-ministro da Saúde, que demonstrou preocupação com a "perigosa" variante brasileira.
Segundo Hunt, a cepa foi discutida na terça-feira pelo Grupo de Aconselhamento sobre Ameaças de Vírus Respiratórios Novos e Emergentes (Nervtag, na sigla em inglês), grupo de cientistas que assessoram o governo britânico durante a pandemia.
Ao se dirigir a Johnson, o parlamentar perguntou se o Reino Unido não deveria introduzir uma proibição imediata de voos vindos do Brasil para impedir que a nova variante entre no país. O primeiro-ministro, contudo, não especificou quais medidas seriam implementadas pelo governo para impedir a chegada da cepa.
Variante amazonense
A variante brasileira foi anunciada pelo governo japonês no último domingo, após ter sido identificada em quatro passageiros que estiveram no Amazonas e desembarcaram no aeroporto internacional de Tóquio em 2 de janeiro.
Entre os infectados, um homem na faixa de 40 anos foi hospitalizado com dificuldade para respirar. Uma mulher em torno dos 30 anos teve dores de cabeça e garganta, enquanto um garoto com menos de 18 anos desenvolveu febre. A quarta passageira, uma menina também menor de idade, não apresentou sintoma.
Na terça-feira, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou a identificação e a circulação da nova cepa originária do Amazonas. Segundo o escritório da Fiocruz no estado, as amostras registradas podem ter evoluído de uma linhagem viral que circula na região desde abril de 2020.
A nova cepa é diferente das identificadas no Reino Unido e na África do Sul, que são mais contagiosas e já estão se espalhando por outros países.
Contudo, a variante brasileira possui 12 mutações, sendo três delas iguais a mutações encontradas nas variantes britânica e sul-africana, "que podem impactar a transmissibilidade e a resposta imune do hospedeiro", informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A entidade disse que foi notificada pelo Japão sobre a nova variante em 9 de janeiro. Ela chamou a cepa de "preocupante" e observou que mais análises são necessárias.
"Quanto mais o vírus Sars-Cov-2 se espalha, mais oportunidades ele tem de mudar. Altos níveis de transmissão significam que devemos esperar o surgimento de mais variantes", declarou a organização nesta quarta-feira.
O Amazonas, duramente atingido pela primeira onda de covid-19 no ano passado, enfrenta atualmente uma segunda onda alarmante, com uma nova explosão de infecções, superlotação de cemitérios e o sistema de saúde vivendo um novo colapso.
A taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes no estado é atualmente de 140,2 – a terceira mais alta do país, ficando atrás somente do Rio de Janeiro e do Distrito Federal.
Variantes espalhadas
O Reino Unido anunciou em dezembro que identificou uma nova cepa do coronavírus significativamente mais contagiosa. Vários países chegaram a impor proibição de voos vindos de lá, mas isso não foi suficiente para impedir que a variante se espalhasse.
Nesta quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que a cepa britânica já foi identificada em 50 países e territórios, enquanto uma variante similar encontrada na África do Sul foi registrada em 20 outras nações.
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