Aids
21 de novembro de 2011O número de contaminações com o vírus da aids diminuiu 21%, para 2,67 milhões de casos em 2010. Graças ao melhor acesso a medicamentos, a doença também causou menos vítimas fatais no ano passado, segundo o relatório anual do Unaids, o programa das Nações Unidas dedicado ao combate à aids, divulgado nesta segunda-feira (21/11).
Em 2010 "apenas" 1,8 milhão de pessoas morreram em decorrência da doença, enquanto em 2006 os óbitos devido à infecção atingiram 2,2 milhões.Cerca de 34 milhões de pessoas no mundo vivem hoje com o vírus da aids, o HIV.
"O mundo está à beira de um grande avanço", avaliou o diretor do Unaids, Michel Sidibé, durante apresentação do relatório em Berlim. "Os números de novas infecções pelo HIV continuam diminuindo e mais pessoas do que nunca estão recebendo tratamento", ressaltou. Só no ano passado, medicamentos contra o vírus salvaram a vida, nas estimativas da entidade, de cerca de 700 mil soropositivos.
Mundo sem aids mais perto
Embora Sidibé tenha ressaltado que a epidemia de aids ainda não foi paralisada, o diretor da Unaids acha que a visão de um mundo livre de novas infecções e mortes pela enfermidade está ficando mais perto.
Sidibé pediu, entretanto, que os financiamentos de projetos relacionados à aids sejam repensados. E afirmou não ser justo que grande parte dos fundos seja destinada a nações mais ricas, já que a maioria das novas infecções ocorrem na África. "É hora de uma mudança no financiamento a projetos de apoio ao tratamento da aids”, afirmou, acrescentando que um novo sistema poderá permitir que, próximos oito anos, 12 milhões de novas infecções sejam evitadas.
Em todo o mundo, de acordo com a Unaids, metade dos pacientes está recebendo tratamento. Desde 1995, foram evitadas 2,5 milhões de mortes através de medicamentos em países de população com renda baixa e média, classe a que o Brasil pertence. Cerca da metade dos infectados nessas regiões tem acesso a terapias contra aids – número muito maior que o verificado nos dois anos anteriores, segundo o relatório. O acesso a medicamentos melhorou particularmente na África, onde vivem 68% das pessoas infectadas.
África subsaariana é região que mais sofre
De acordo com o relatório, a África Subsaariana continua a ser a região mais afetada pelo HIV, sendo que em 2010 cerca de 68% das pessoas infectadas com o vírus viviam nesta região, que concentra 12% da população mundial.
Mais de 70% das novas infecções por HIV no ano passado foram registradas na África Subsaariana, mas a Unaids registra uma "redução sensível" da taxa regional de novas infecções. Nos países ao sul do Saara em 2010, 20% a mais de pessoas infectadas pelo vírus estavam sendo tratadas que no ano anterior, de acordo com a entidade.
Na Namíbia, 90% dos doentes estão recebendo medicamentos, um número recorde. Se uma pessoa infectada é tratada precocemente, também diminui a probabilidade de que ela transmita o vírus. "Pudemos provar pela primeira vez que o número de novas infecções pode ser reduzido se as pessoas recebem tratamento mais cedo", disse Sidibé. Além disso, de acordo com a Unaids, três quartos dos homens usam preservativos na Namíbia. Ambas as medidas contribuíram para que o número de novas infecções no país caísse em 60% até 2010.
Globalmente, o número de novas infecções continua diminuindo. Desde 1997, tido como o ápice da epidemia de aids, ele caiu 21%, chegando a 2,7 milhões em 2010, conforme o relatório das Nações Unidas. Entre eles, estão 390 mil recém-nascidos. Em 2010 foram infectadas um quinto a menos de pessoas do que em 1997.
Brasil é tido como exemplo
No Brasil, entre 60% e 79% dos infectados com o vírus têm acesso a tratamento, revela o relatório. A Unaids aponta o país como um exemplo a seguir no combate à doença. O documento ressalta que o governo brasileiro "investe adequadamente nos lugares certos, com as estratégias certas".
"O Brasil vem investindo há anos de forma adequada, estando na vanguarda na garantia ao acesso à prevenção do HIV e a serviços de tratamento para os mais vulneráveis e marginalizados", destaca o relatório. Em 2008, o país investiu, segundo a Unaids, 600 milhões de dólares para garantir o acesso à prevenção e tratamento da aids pela população carente.
MD/dadp/lusa/afp/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer