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Oriente Médio

4 de dezembro de 2007

Relatório do governo norte-americano afirma que o Irã congelou programa de armas nucleares em 2003. Europa vê confirmada a eficácia de sua estratégia de negociações e sanções perante Teerã.

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Stephen Hadley, conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, na conferência de imprensa sobre o novo relatório americanoFoto: AP

Os serviços de inteligência norte-americanos avaliam que estavam certas "as estratégias de incentivos escolhidas pela comunidade internacional e as medidas do Conselho de Segurança da ONU perante o Irã", declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, na segunda-feira (03/12).

O homólogo britânico de Steinmeier também concordou que a política da "mão que afaga é a mesma que apedreja" estaria funcionando para manter a posição iraniana de acordo com as demandas internacionais.

"As conclusões do relatório justificam as ações já realizadas pela comunidade internacional para analisar o programa nuclear iraniano e aumentar a pressão sobre o regime para que suspenda suas atividades de enriquecimento e reprocessamento de urânio", afirmou um porta-voz do ministro das Relações Exteriores britânico.

Sucesso da pressão internacional

Entführte Deutsche angeblich ermordet
Frank-Walter Steinmeier: estratégias acertadasFoto: AP

A Estimativa de Inteligência Nacional (NIE), um consenso entre todas as 16 agências de espionagem americanas, declarou na segunda-feira que estava segura de que o Irã teria suspenso seu programa de armas nucleares no final de 2003.

A NIE comentou que estaria "moderadamente confiante" de que, até meados de 2007, o país não teria recomeçado seu programa.

Teerã poderá ter a capacidade tecnológica de construir um reator nuclear entre 2010 e 2015, mas "nós não sabemos se o Irã pretende, no momento, desenvolver armas nucleares", declarou o relatório.

Segundo a NIE, o país parece "estar menos propenso a desenvolver armas nucleares do que vínhamos pensando desde 2005". O relatório conclui que seria provável que Teerã teria parado seu programa nuclear em resposta à pressão internacional, o que "sugere que o Irã seja mais vulnerável à influência sobre o assunto do que julgávamos anteriormente".

Dupla estratégia européia para o Irã

Por duas vezes, o Conselho de Segurança da ONU impôs sanções contra o Irã por se recusar a suspender seu programa de enriquecimento de urânio. O urânio enriquecido pode ser usado na construção de armas, mas Teerã sempre afirmou que seu programa é somente usado para fins civis.

Para discutir a terceira resolução de sanções, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – Reino Unido, China, França, Rússia e EUA – encontraram-se, juntamente com a Alemanha, no último final de semana em Paris. Não se chegou, no entanto, a um acordo.

Em 2004 e 2005, Alemanha, França e Reino Unido iniciaram conversações diplomáticas com Teerã, nas quais foram discutidos comércio e outros incentivos econômicos em troca da suspensão do programa de enriquecimento do urânio. O grupo chamado de UE-3 apoiou as sanções da ONU contra o Irã, mas, ao mesmo tempo, manteve-se aberto a soluções mais diplomáticas.

Relatório como forma de se sair bem

Symbolbild USA Iran Flagge Atom Ahmadinedschad und George Bush
Bush (d.) acha Irã um perigoFoto: AP Graphics

Apesar das novas constatações, o presidente norte-americano George W. Bush declarou que o Irã continua representando um perigo e recusou descartar um ataque militar. "O Irã foi, é e será um perigo", afirmou Bush na conferência de imprensa.

Em outubro último, Bush havia levantado o fantasma de uma "Terceira Guerra Mundial" ou de um "holocausto nuclear", caso o Irã construísse a bomba atômica

Alex Vatanka, especialista do Instituto do Oriente Médio de Washington, declarou que o relatório poderia ser uma forma de Bush se sair bem da situação, já que ele não estaria planejando um ataque militar e teria exaurido seus esforços junto ao Conselho de Segurança da ONU.

Mohamed El Baradei, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, afirmou nesta terça-feira que o novo relatório está de acordo com as investigações de sua agência sobre o programa nuclear iraniano.

Na conferência de imprensa sobre o relatório, Stephen Hadley, conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, afirmou, no entanto, que as novas conclusões não deveriam ser motivo para diminuir a vigilância.(kjb/ca)