Análise
17 de novembro de 2008Os representantes dos países que participaram da cúpula do G20 em Washington, no último sábado (15/11), sugeriram em documento final um controle mais estrito dos bancos e mais transparência em relação aos produtos oferecidos pelo mercado financeiro. Para Tim Stuchtey, diretor para questões econômicas do Instituto Americano de Estudos Contemporâneos Alemães, o encontro foi um sucesso.
"A cúpula correspondeu às minhas expectativas. Não se podia esperar mais do que foi feito, o que era previsível aconteceu. Afinal, não se podia esperar que agora já houvesse uma regulação detalhada dos mercados financeiros, que tivesse sido divulgada no sábado e começasse a regular as bolsas de valores do mundo na manhã desta segunda-feira", analisa Stuchtey.
Primeira conversa
Também para Adam Posen, vice-diretor do Instituto Peterson de Economia Internacional, o resultado do encontro em Washington foi positivo. "A cúpula foi um sucesso. Não um sucesso total, nada como um Bretton Woods 2, como alguns esperavam, mas um sucesso em comparação com outras cúpulas internacionais anteriores", diz Posen.
Já era anteriormente prevista a impossibilidade de que medidas concretas fossem tomadas durante o encontro, pois é praticamente impossível tomar decisões de tal alcance num encontro de 12 horas e ainda com um volume tão grande de participantes. Mesmo assim, os europeus podem se dar por satisfeitos de os EUA, pela primeira vez na história, terem aceitado conversar sobre uma vigilância financeira dos mercados.
Principalmente o presidente francês, Nicolas Sarkozy, forçou George W. Bush a aceitar que o encontro acontecesse ainda em 2008. Apesar desta vitória dos europeus, Stuchtey acha que é muito cedo para se falar em "europeização das estruturas financeiras" globais.
"Já foi certamente uma mudança porque britânicos e norte-americanos estão dispostos a falar sobre esses temas. Mas ao mesmo tempo ficou claro que os dois lados continuam não querendo um esquema único de regulação do mercado através de uma instituição internacional", completa Stuchtey.
Questão política
Posen reconhece que a cúpula foi um evento que levou certamente o carimbo europeu. "Este processo é uma europeização da forma como a economia global é guiada. E, no momento, a Europa – especialmente a França, o Reino Unido e Bruxelas, como capital da União Européia – tem nas mãos o plano intelectual para todo o mundo. É tudo mais uma questão política e, nesses termos, a Europa é mais forte", conclui o especialista.
Pelo menos até o próximo 20 de janeiro, quando Barack Obama tomará posse e se tornará presidente dos EUA, nada deve mudar. Por ocasião da próxima cúpula, em abril de 2009, Obama terá estado pouco mais de cem dias no cargo. Ainda não se sabe se ele, então, vai tentar ou mesmo vai estar em condições de defender uma nova liderança norte-americana em questões financeiras globais. Um pergunta que fica em aberto, pelo menos até o próximo encontro do G20.