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Retratos de Kokoschka à mostra em Hamburgo

9 de julho de 2002

Coleção extraordinária de retratos criados pelo austríaco no início do século passado pode ser vista em Hamburgo até fins de setembro.

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Retrato de Bessie Bruce, 1910Foto: Hamburger Kunsthalle

Oskar Kokoschka (1886—1980) revolucionou a arte do retrato numa época em que ela parecia condenada a desaparecer: em princípios do século 20, a fotografia assumia cada vez mais a tarefa de reproduzir e fixar fisionomias. Mas o que o austríaco fez com seus traços foi muito mais do que retratar o físico. Ele como que olhava por trás da fachada e criava verdadeiros estudos da psique.

O resultado não agradava a todos. Pelo contrário: escândalos no cenário artístico e a indignação de muitos retratados foram o resultado. Agora está à mostra na Kunsthalle de Hamburgo, até 29 de setembro, uma coleção extraordinária de retratos criados por Kokoschka entre 1909 e 1914 em Viena e Berlim.

Exibida inicialmente, com enorme sucesso, na Neue Galerie de Nova York, um museu especializado em arte alemã e austríaca, a exposição é composta por peças cedidas por colecionadores de Boston, Nova York, Washington, Amsterdã, Viena, Estocolmo, Budapeste e Madri.

Da art nouveau ao expressionismo —

Cartões postais, cartazes e leques apresentados no começo da exposição e ilustrados pelo ainda jovem Kokoschka para as Oficinas Vienenses documentam sua evolução dos motivos da art noveau para o expressionismo, do qual foi um dos maiores expoentes.

O artista retratou a nata da intelligentsia da época: entre outros, os literatos Peter Altenberg e Paul Scheerbarth, os compositores Franz Hauer e Anton von Webern, o arquiteto Adolf Loos, o marchand Herwarth Walden. E, em inúmeros trabalhos, o grande amor de sua vida, Alma Mahler, viúva do compositor Gustav Mahler e sete anos mais velha que ele, com quem manteve um intenso affair de 1912 a 1914.

Quando eles se separaram, o artista alistou-se como voluntário e partiu para o campo de batalha. Com a experiência da guerra, inclusive ferimentos graves que sofreu na Ucrânia em 1915, sua arte passou por uma transformação. Os retratos que criou mais tarde diferem totalmente daqueles de sua fase inicial, relevando um distanciamento do pintor em relação aos seus modelos. (lk)