Reunião do Eurogrupo decide destino da Grécia
20 de fevereiro de 2012Após meses de debates e apesar de uma série de questões pendentes, a liberação de um segundo pacote de resgate financeiro para a Grécia parecia estar bastante próxima na noite desta segunda-feira (20/02) em Bruxelas, ao início de uma reunião decisiva dos ministros das Finanças da zona do euro para tratar do assunto.
A opinião geral dos participantes era de que um acordo seria obtido entre credores internacionais e Atenas em torno de um novo pacote de ajuda no valor de pelo menos 130 bilhões de euros, dinheiro necessário para salvar a Grécia de uma falência estatal. Através de um corte da dívida a ser obtido de credores privados, a Grécia deverá ter perdoados 100 bilhões de euros de sua dívida.
Em contrapartida para o acordo, Atenas deve concordar em sofrer um maior controle sobre suas finanças, abdicando até mesmo de parte de sua soberania orçamentária, ao concordar na criação de uma conta especial para pagamento da dívida.
"Eu parto do pressuposto de que chegaremos hoje à conclusão das discussões", disse o chefe do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker. O ministro alemão das Finanças Wolfgang Schäuble também se disse "confiante".
Questões pendentes
"Estivemos progredindo nas últimas semanas", disse o ministro das Finanças francês, François Baroin. "Agora temos todos os elementos para chegar a um acordo." O esforço para salvar a Grécia da falência vem se arrastando há semanas. Não estava ainda claro no início da reunião, como a dívida do país pode ser reduzida até o ano de 2020 para cerca de 120% do desempenho econômico grego. Esta meta não poderá ser alcançada, segundo alguns cálculos, através do segundo pacote de resgate e do corte da dívida.
Melhorias no pacote ainda se faziam necessárias ao início do encontro. Alguns ministros das Finanças da zona do euro deixaram claro que desejam uma maior contribuição dos credores privados à salvação da Grécia. A ministra austríaca Maria Fekter disse esperar "que o setor privado ajude um pouco mais". Ela lembrou que ainda não ser claro "quantos credores privados irão participar de fato, e se essa lacuna não precisará ser fechada pelo setor público".
O ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, se mostrou otimista. Ao chegar à capital belga, ele disse estar "confiante" no fechamento de um acordo e assegurou que todas as condições exigidas pelos credores às autoridades do país estão cumpridas. "Esperamos que agora um longo período de incerteza chegue a um fim", disse. Foram também ao encontro o primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, e a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
Garantias
O pacote também inclui 30 bilhões de euros de garantias, com as quais a já estipulada contribuição dos credores privados deve ser protegida. Isso permitiria que a Grécia possa oferecer a seus credores a troca de seus títulos antigos por novos imediatamente após a decisão dos ministros das Finanças da Eurozona.
Outra questão a ser esclarecida era se o setor público, ou seja, o contribuinte, tem que contribuir com mais esforços. Em debate está a opção de perdoar à Grécia os juros dos empréstimos do primeiro pacote de resgate. Em maio de 2010, Atenas já havia recebido um empréstimo de 110 bilhões de euros.
A Grécia, em contrapartida pelo novo pacote de ajuda, deve realizar amplas reformas em quase todas as áreas políticas, tendo também que se submeter a um controle mais rigoroso do orçamento. No futuro, deve ser criada uma conta especial, através da qual Atenas pagará suas dívidas. Na conta, deve ser depositado o dinheiro dos países credores, para assegurar que o governo grego não use a verba para outros fins. Esta foi uma exigência central da Alemanha, que Atenas aceitou.
MD/dpa/afp