Cúpula Ásia-Europa
23 de outubro de 2008Sob o signo da crise financeira mundial, acontece em Pequim, na sexta-feira e no sábado (24 e 25/10), a 7ª Cúpula da Reunião Ásia-Europa (Asem). Questões ambientais e o diálogo entre as culturas também estão entre os principais temas a ser discutidos na cúpula, informou o porta-voz do governo alemão Thomas Steg.
Líderes de quase 40 nações européias e asiáticas estão sendo esperados na capital chinesa. Nesta quinta-feira (23/10), a chefe do governo alemão, Angela Merkel, chegou à Pequim, onde se encontrou com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao.
Segundo Alemanha e China, a crise financeira poderá trazer uma maior possibilidade de ação conjunta. "Na crise, encontra-se uma chance. Queremos aproveitar esta chance para uma maior cooperação", afirmou Merkel nesta quinta-feira em Pequim. Esta é a terceira viagem de Merkel à China nos últimos três anos.
Todos no mesmo barco
Ambos os países mostraram-se de acordo quanto a passos conjuntos para aliviar as conseqüências da crise, pondo de lado, definitivamente, discrepâncias anteriores. Segundo a União Européia (UE), para a superação da crise financeira mundial, a eliminação do desequilíbrio no comércio mundial também se faz necessária. José Manuel Barroso, presidente da Comissão Européia, exige que os países asiáticos, sobretudo a China, participem de uma ação comum.
Em Pequim, Barroso afirmou que "é muito fácil: ou afundamos juntos ou nadamos juntos". O presidente da Comissão Européia afirmou esperar que a China preste uma importante contribuição para a solução da crise financeira. Devido ao alto déficit da balança comercial com a China, os países europeus, assim como os EUA, exigem há muito uma maior penetração no mercado chinês.
Mas a China também começa a sentir as conseqüências da crise financeira mundial. Nos últimos meses, o crescimento da economia diminuiu de mais de 10% para 9% anuais, afirmou o porta-voz do Escritório de Nacional de Estatística chinês, Li Xiaochao.
Diminuição das exportações
Segundo o porta-voz chinês, "como conseqüência da crise financeira, os investimentos diretos estrangeiros diminuíram. Além disso, o crescimento da economia mundial desacelerou, atingindo nossas exportações. Elas se enfraqueceram". A economia da China também depende de exportações, sobretudo para os EUA, para onde a China vende a maior parte de suas mercadorias. Desde o início da crise financeira, a demanda estrangeira diminuiu.
Principalmente as muitas fábricas do delta do rio das Pérolas, no sul da China, foram atingidas. Lá são fabricados produtos baratos da indústria de têxteis, brinquedos, utensílios domésticos, móveis ou aparelhos eletrônicos para exportação. Muitas destas fábricas tiveram que fechar.
Especialistas esperam que, nos próximos meses, outras fecharão. Através do fortalecimento do mercado interno, o governo chinês procura agora compensar a diminuição das exportações, informou Li.
Confiança governamental
Quanto ao mercado financeiro, a crise não atingiu a China tão fortemente quanto a outros países. Apesar de um número crescente de chineses terem investido, nos últimos anos, em ações que agora não valem mais nada, este número ainda é muito pequeno se comparado ao total da população.
Além disso, o sistema bancário chinês ainda é relativamente precário. Como a maioria dos chineses não teve possibilidade de investir seu dinheiro, eles o aplicaram, geralmente, em um banco e não numa empresa que quebrou.
Sobre o assunto, Li Xiaochao afirmou que "não estamos preocupados. Todos os nossos bancos são controlados pelo Estado. Temos confiança em nosso governo", acrescendo que os bancos chineses possuiriam divisas inimagináveis e que não poderiam entrar em colapso.
Pontos de discórdia
No momento, muitos especialistas estão otimistas quanto à breve normalização dos mercados financeiros, também por conta da cooperação chinesa. Mas nem tudo são flores na relação entre União Européia e China. Entre os pontos de discórdia, está a situação dos direitos humanos no país.
Segundo o ponto de vista chinês, um tema continua bastante controverso. Após a repressão sangrenta do movimento estudantil de 1989, a União Européia impôs um embargo de armamentos contra a China, cuja suspensão, devido às diferentes posições dentro da UE, ainda não está à vista.