Reuniões sobre programa nuclear do Irã continuam em Moscou
24 de maio de 2012Dois dias de duras negociações entre o Irã e potências mundiais sobre o programa nuclear de Teerã terminaram nesta quinta-feira (24/05) sem resultado concreto, além do plano de um novo encontro no próximo mês em Moscou, para mais uma rodada de negociações.
As rodadas entre o Irã e o chamado grupo 5+1, composto pelos cinco integrantes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Reino Unido, França, Rússia, China) mais a Alemanha, são vistas como a maior oportunidade nos últimos anos para se tentar uma aproximação entre Washington e Teerã. Os encontros têm também como meta afastar ameaças de ação militar que abalaram os mercados de petróleo e trouxeram preocupações sobre um conflito grave no Oriente Médio.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, declarou que ambas as partes concordaram em continuar as discussões dias 18 e 19 junho em Moscou. O Ocidente suspeita que o país islâmico trabalha para construir armas atômicas, embora o regime de Teerã afirme que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos.
Ameaças iranianas
Os dois dias de reuniões em Bagdá foram acompanhados por ameaças de que Teerã se retirasse das negociações, devido à frustração pela recusa do Ocidente em relaxar as sanções econômicas contra o país.
Um objetivo do Ocidente é convencer o regime iraniano a não enriquecer urânio a uma concentração de 20%, grau a partir do qual o alto enriquecimento para produção de armas atômicas se torna mais fácil. A geração de eletricidade requer urânio enriquecido a apenas 5%.
“É claro que ambos queremos fazer progressos e que há alguns pontos em comum”, assegurou Ashton, que lidera formalmente as negociações, em nome dos países ocidentais. Ela afirmou que Teerã pelo menos concordou em conversar sobre o grau de enriquecimento de urânio. “No entanto, diferenças significativas permanecem. Mas concordamos sobre a necessidade de uma discussão mais aprofundada para expandirmos nosso terreno comum.”
Direito de enriquecer urânio
O Irã enfatizou seu direito de continuar a enriquecer urânio. "Um dos temas principais no uso pacífico da energia nuclear é dominar o ciclo do combustível nuclear e o seu enriquecimento. Queremos enfatizar esse direito", afirmou o negociador-chefe iraniano, Said Jalili. "Este é um direito incontestável da nação iraniana, especialmente o direito de enriquecer urânio."
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, ofereceu ao Irã ajuda tecnológica para o uso pacífico da energia nuclear. "O Irã tem o direito à utilização civil da energia nuclear", afirmou o político liberal em entrevista ao jornal Leipziger Volkszeitung. Ele acrescentou que Berlim se dispõe a apoiar tecnologicamente o Irã. “Mas o país tem o dever de abrir mão de qualquer opção de armamento nuclear, de maneira passível de verificação”, ressalvou.
MD/afp/ap/rtr
Revisão: Augusto Valente