'Não' às magérrimas
7 de outubro de 2009Brigitte, a mais vendida revista feminina da Alemanha, decidiu não apresentar mais ideais de magreza em suas fotos. Os redatores-chefes da revista, Andreas Lebert e Brigitte Huber, revelaram que a partir de 2010 não vão apresentar seus programas de moda, cosméticos e fitness com modelos profissionais, mas sim com mulheres que se encontram "no meio da vida".
Em seu site, o magazine convida as leitoras a se candidatarem como modelo. "Fazemos uma revista para mulheres como elas são, e não como os outros gostariam que fossem", reforçam. "Queremos mostrar mulheres que têm uma identidade, a estudante de 18 anos, a executiva, a musicista, a jogadora de futebol." Gente famosa e completas desconhecidas devem se alternar nas sequências de fotos de Brigitte.
Tendência de mudança
Os redatores-chefes insistem que, com a decisão de barrar as modelos "manequim zero" e suas agências de marketing, desejam dar um sinal, mas não declarar guerra ao setor. Segundo Lebert, existe no ramo da moda um grande mal-estar, mas sempre se empurra a responsabilidade de um lado para o outro. "Talvez um veículo deva dizer: nós nos decidimos por um tipo de apresentação. Queríamos estabelecer uma certa clareza para nós mesmos."
Mas os eventos internacionais de moda também já começaram a luta contra profissionais ultradelgadas. Antes da Fashion Week Berlin do ano passado, quatro grandes associações de moda se comprometeram a não mais contratar modelos magérrimas para desfiles e fotos de publicidade.
Em Madri, em 2008 uma modelo foi excluída de uma apresentação por estar abaixo do peso mínimo. E a semana da moda de Londres iniciou recentemente uma campanha para trazer mais feminilidade – mais contornos, manequins diversos, todas as idades – de volta à passarela da alta-costura.
"Hoje em dia, a atratividade tem muitas caras", afirma Brigitte Huber. Acabou-se a ditadura dos figurinistas, pois primeiras-damas como Carla Bruni e Michelle Obama definem a moda da mesma forma que desportistas, estudantes ou "mulheres das ruas das metrópoles".
Estratégia de marketing?
Quebras de vendas e crise no setor publicitário obrigam os editores a inovar. No terceiro trimestre de 2009, Brigitte vendeu cerca de 720 mil exemplares, contra 757 mil no mesmo período do ano anterior. No entanto, Andreas Lebert afirma que a decisão de usar modelos leigas não é uma medida de economia. Uma vez que serão pagos cachês "comparáveis" aos das profissionais, trata-se, antes, de um investimento.
Louisa von Minckwitz, proprietária de uma agência de modelos fotográficos com sedes em Munique e Hamburgo, vê a inovação com ceticismo. Ela crê tratar-se de uma nova ideia de marketing da revista de moda, e que no futuro esta voltará a trabalhar com modelos profissionais que não sejam magras demais.
Profissionais da fotografia também criticaram a imposição de que trabalhem com amadoras. O redator-chefe Lebert admite que lidar com mulheres sem experiência de câmera exige mais tempo e mais esforço, porém: "Precisamos abandonar os caminhos já gastos". Uma profissional comentou à revista Der Spiegel: "Como fotógrafa, posso dizer, é horrível".
MN/ap/dpa
Revisão: Augusto Valente