Revista feminista <i>Emma</i> se mantém atual após 30 anos
20 de dezembro de 2006
A edição de 30 anos da revista feminista alemã Emma, única publicação política européia integralmente escrita por mulheres, traz na capa um close de sua idealizadora e editora, Alice Schwarzer.
Faz sentido, afinal, desde que fundou a publicação, em 1977, Schwarzer se converteu em ícone do feminismo tanto quanto a revista que dirige, a qual colocou em debate os principais problemas enfrentados pelas mulheres na sociedade moderna – temas que também orientaram a carreira da editora.
A edição de aniversário já está disponível online e traz uma retrospectiva com 18 assuntos considerados os mais importantes da história da revista. Ganham destaque personalidades como Simone de Beauvoir, que inspirou o primeiro livro publicado por Schwarzer, Der kleine Unterschied (A Pequena Diferença, 1977), bem como temas que, embora abordados no passado, ainda estão em voga, como a mutilação genital (1977), o abuso sexual (1978), o casamento entre homossexuais (1984) e câncer de mama (1996).
Segundo informações do site de Emma, a publicação bimestral, lançada sempre numa quinta-feira, conta atualmente com um público de aproximadamente 120 mil homens e mulheres.
Conquistas e novos obstáculos
O posicionamento de Schwarzer em relação ao feminismo não mudou nos últimos 30 anos, segundo a jornalista. "Sobretudo não na essência. Minha meta era e é a humanização de mulheres e homens", declarou em entrevista ao jornal Die Zeit.
Mas o que teria mudado na vida das mulheres alemãs nos últimos 30 anos? Segundo Schwarzer, sem dúvida, as circunstâncias. "Pela primeira vez as mulheres têm, sem nenhuma restrição, direitos iguais aos dos homens, há mais universitárias que universitários e, apesar do desemprego, há cada vez mais mulheres trabalhando".
Apesar das conquistas, a editora alerta para o surgimento de novos obstáculos a serem vencidos. Entre eles, ela lista "o culto à juventude, o culto à maternidade e os distúrbios alimentares, que hoje são os maiores problemas da mulher".
Schwarzer se coloca a favor de um novo impulso para "o bom e velho feminismo, pois ele não pode ser redescoberto a cada 30 anos." Para ela, a máxima feminista continua atual: mesmos direitos e deveres para homens e mulheres.