Revolução Francesa transformou a Europa em 1789
Enormes dificuldades monetárias atormentavam o rei da França Luís 16 (1754-1793). Por um lado, a culpa era de seu estilo de vida ostentatório no Castelo de Versalhes. Outra causa, porém, fora a participação militar do país na guerra de independência dos Estados Unidos, entre 1775 e 1783.
Por isso, em 5 de maio de 1789, ele convocou até Paris as três principais classes da sociedade francesa – o clero, a nobreza e os camponeses –, com o fim de obter sua anuência para uma elevação das taxas e impostos.
Mas o rei não contara com a resistência dos delegados, que transformaram essa conferência numa "Assembleia Nacional Constituinte", a qual visava dar termo às vicissitudes econômicas que cada vez mais assolavam o país.
Proclamação dos direitos humanos
O rei tentou ainda demover os delegados de sua intenção, porém sem êxito, pois logo ficou claro que os cidadãos de Paris apoiavam a revolução que despontava. Esta era a esperança de uma melhora de suas condições de vida, cuja discrepância em relação ao luxo da corte em Versalhes vinha, há décadas, se tornando cada vez mais crassa.
Dentro de alguns dias ficou claro não se tratar da insurreição de alguns delegados, mas de uma rebelião popular. Rapidamente a Assembleia Nacional aboliu, um após o outro, os privilégios da nobreza, reduziu as taxas eclesiásticas, confiscou os bens da Igreja. Em 26 de agosto de 1789, proclamou, por fim a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Pela primeira vez, todos os cidadãos do país eram considerados iguais. Esses direitos ficaram selados na nova Constituição francesa de 3 de setembro de 1791.
Hino sanguinário
As casas reais europeias observavam com horror os acontecimentos revolucionários na França. Os monarcas temiam que a revolução pudesse levar as agitações também a seus países. Quando o duque de Braunschweig, Karl Wilhelm Ferdinand (1735-1806), anunciou a intenção de reduzir Paris a cinzas, os cidadãos revoltosos invadiram o palácio real das Tulherias, em 10 de agosto de 1792.
Entre os participantes estava um grupo de operários de Marselha. No caminho até Paris, eles entoavam uma canção bastante sanguinária, que os parisienses apelidaram A Marselhesa, declarando-a hino da Revolução. Numa versão um tanto menos brutal, ela é, hoje, o Hino Nacional da França.
Esgotado o primeiro impulso revolucionário, a nova ordem francesa também precisava se defender contra os inimigos internos. Em nome da liberdade e da razão, os carrascos mandavam construir cadafalsos para a execução de milhares de supostos antirrevolucionários.
Talvez a ameaça dos carrascos nas próprias alas fosse o pior perigo, pois logo a revolução começou a se voltar também contra seus iniciadores. No início de 1793 começou o Regime do Terror. Diante da Assembleia Nacional, Jean Paul Marat (1743-1793) "justificou" assim a restrição das liberdades civis: "A liberdade deve se fundamentar na violência [...] a fim de exterminar o despotismo dos reis."
Devorando os próprios pais
Quando, três meses mais tarde, Marat foi assassinado pela pró-realista Charlotte Corday (1768-1793), a revolução ganhava seu primeiro mártir. E a guilhotina – invenção de Joseph Ignace Guillotin (1738-1814) – ganhou a oportunidade de cumprir, em massa, sua função assassina.
O mentor e líder do Terror foi Maximilien Robespierre (1758-1794). Em meados de 1794, com a promulgação da chamada Lei do Terror, começou a pior fase do regime. Diariamente entre 50 e 100 pessoas perdiam a vida em nome da revolução, ao mesmo tempo em que crescia o descontentamento contra a nova tirania.
Em 27 de julho, Robespierre sentiu na própria pele a loucura reinante. Por uma resolução da Assembleia Nacional, ele e seus seguidores foram presos e, no dia seguinte, guilhotinados, diante de numeroso público.
A festividade popular que se seguiu sinalizava o fim do Regime do Terror. Os militantes de Paris fizeram com que a Revolução Francesa não sucumbisse nem à oposição dos poderosos europeus, nem às próprias imperfeições. E marcaram, assim, a trajetória da Europa de forma decisiva.