Roberto Azevêdo anuncia saída do comando da OMC
14 de maio de 2020O brasileiro Roberto Azevêdo anunciou nesta quinta-feira (14/05) que deixará o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 31 de agosto, um ano antes do final de seu segundo mandato. Essa será a primeira vez na história do organismo criado em 1995 em que o chefe da organização renuncia.
"É uma decisão pessoal, familiar e estou convencido de que servirá aos interesses da organização", disse Azevêdo, de 62 anos, ao anunciar sua decisão em uma videoconferência que reuniu representantes dos 164 países e territórios membros do organismo multilateral.
À frente da OMC desde 2013, Azevêdo ressaltou que sua saída não ocorre por motivos de saúde, por ambições políticas e nem foi decidida espontaneamente. "Entre o confinamento e minha recente operação no joelho, tive mais tempo do que o habitual para refletir e cheguei a essa decisão após longas conversas com a minha família", acrescentou.
Azevêdo defendeu que a OMC precisa de um novo diretor-geral para delinear uma nova agenda diante da realidade que surgirá após a pandemia de covid-19, na qual "se deve garantir que o comércio contribua para a recuperação econômica mundial".
Azevêdo deixa o comando do organismo num momento crítico para a OMC devido ao bloqueio de seu principal mecanismo de resolução de disputas, o Órgão de Apelação, paralisado desde dezembro pela recusa dos Estados Unidos em nomear novos juízes.
Essa situação mergulhou a organização em uma crise sem precedentes em seus 25 anos de história, bloqueando seus principais mecanismos e uma das poucas instâncias internacionais cujas decisões são vinculativas.
Para contornar esse bloqueio, China, União Europeia e outros membros da OMC anunciaram em abril o lançamento de um órgão alternativo para a resolução de disputas.
Azevêdo comanda a OMC desde maio de 2013, após superar seis candidatos que disputavam também o cargo. Ele foi reeleito para um segundo mandato de quatro anos em 2017, numa disputa sem adversários.
Apesar dos esforços do brasileiro, que priorizou o aumento da capacidade comercial dos países menos desenvolvidos, durante seu mandato não houve grandes avanços nas negociações de acordos comerciais internacionais e, em 2015, foram abandonadas as conversas conhecidas como Rodada de Doha, que visavam uma maior integração das economias em desenvolvimento no organismo.
CN/efe/ap/afp
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