Rohani pede unidade no aniversário da Revolução Islâmica
11 de fevereiro de 2018O presidente do Irã, Hassan Rohani, pediu unidade ao discursar neste domingo (11/02), dia em que o país comemora o 39º aniversário da Revolução Islâmica, após uma onda de protestos antigoverno no final de dezembro e no início de janeiro.
"Peço que o 40º ano da Revolução, o próximo ano, seja um ano de unidade", disse o presidente diante de uma multidão na capital Teerã.
Com suas declarações, Rohani pareceu tentar acalmar os ânimos após o início de ano marcado por protestos. As manifestações inicialmente tiveram como alvo o desemprego e a política econômica, mas logo se voltaram contra o governo teocrático do país.
Em seu discurso, o presidente prometeu mais empregos e melhores condições econômicas num futuro próximo. Enquanto Rohani falava, dezenas de linhas-duras gritavam: "Morte aos mentirosos, morte aos sediciosos". A recente onda de protestos violentos resultou em milhares de detenções e ao menos 25 mortes.
"Os Estados Unidos queriam interferir nos nossos assuntos estatais. Mas eles falharam por causa da consciência e da unidade da nossa nação", disse Rohani ecoando a alegação de Teerã de que os recentes protestos foram instigados do exterior.
Centenas de milhares saíram às ruas neste domingo para comemorar o aniversário da Revolução. Manifestantes queimaram bandeiras americanas e israelenses, assim como imagens do presidente Donald Trump, que recentemente se recusou a recertificar o acordo nuclear firmado entre Irã e potências mundiais.
Tais atos são comuns no aniversário da Revolução Islâmica de 1979, que derrubou ao xá Mohammad Reza Pahlavi e instaurou no Irã um regime teocrático, que sempre manteve uma postura hostil em relação aos Estados Unidos e inaugurou um período de hostilidade entre Teerã e o Ocidente.
Unidade entre espectros políticos
Rohani, que chegou à presidência em 2013 e foi reeleito no ano passado com o apoio dos reformistas, foi alvo de duras críticas dos conservadores por seus esforços para restabelecer relações com o Ocidente e aumentar as liberdades civis.
Neste domingo, o presidente pediu unidade entre todos os espectros políticos, dos linhas-duras que apoiam o governo teocrático aos reformistas que defendem mudanças. "Peço a conservadores, reformistas, moderados e a todos os partidos e todas as pessoas se mantenham juntos", disse.
O presidente pediu que os conservadores não impeçam candidatos reformistas de participar de futuras eleições. O Conselho dos Guardiães da Constituição, dominado pelos conservadores, tem o poder de vetar candidatos, e no passado impediu que centenas de reformistas concorressem à presidência e ao Parlamento.
"Quando a Revolução aconteceu, empurramos alguns que não deveríamos para fora do trem revolucionário. Hoje, temos que deixa-los embarcar no trem novamente", disse Rohani em Teerã.
Rohani não especificou quem foi empurrado para fora, mas a Revolução Islâmica e o período pós-revolucionário foram marcado por islamistas em torno do aiatolá Ruhollah Khomeini expurgando liberais e comunistas.
Questão síria
Ao discursar, o presidente não mencionou os ataques realizados por Israel na Síria neste sábado, que tiveram postos iranianos e sírios como alvo. Os bombardeios representam o mais sério enfrentamento entre Israel e forças apoiadas por Damasco nos sete anos de guerra civil na Síria.
O Exército sírio disse ter derrubado um caça israelense F-16 após Israel ter supostamente derrubado um drone iraniano que teria entrado no espaço aéreo israelense. Teerã nega a acusação de Israel, afirmando que sua atuação na Síria é apenas de aconselhamento.
LPF/efe/ap/afp
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