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Roteiristas de Hollywood fecham acordo para pôr fim à greve

25 de setembro de 2023

Estúdios selam pacto preliminar para pôr fim a 5 meses de paralisações nas produções de cinema, televisão e streaming, que geraram prejuízos de US$ 5 bilhões. Sindicato dos atores ainda negocia solução.

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Cartazes com frase "solidariedade aos roteiristas" encostados no chão
Sindicato dos Roteiristas da América (WGA) ordenou a suspensão dos piquetes com efeito imediato após acordo preliminar com estúdios de HollywoodFoto: Chris Delmas/AFP

Sindicalistas e estúdios cinematográficos de Hollywood chegaram a um acordo preliminar neste domingo (24/09) para pôr fim à greve dos roteiristas, após quase cinco meses de paralisações que suspenderam a produção de filmes, séries e vários programas de televisão. O acordo, porém, não inclui os atores.

O Sindicato dos Roteiristas da América (WGA) anunciou o pacto em uma declaração conjunta com a Aliança de Produtores de Filmes Cinematográficos e Televisão (AMPTP), que representa os estúdios, serviços de streaming e empresas de produção.

"Isso se tornou possível através da solidariedade duradoura dos membros do WGA e do apoio extraordinário de nossos sindicatos coirmãos que se juntaram a nós nos piquetes por 148 dias", afirmou o WGA.

O acordo, com validade de três anos, ainda deve ser aprovado pelo conselho do WGA para que seja possível encerrar oficialmente a greve. O sindicato instruiu os roteiristas a aguardarem essa etapa final antes de voltarem ao trabalho, mas ordenou a suspensão dos piquetes com efeito imediato.

Em torno de 11,5 mil membros do WGA aderiram à greve, iniciada em 2 de maio. A paralisação se deu por questões envolvendo salários, definição do tamanho das equipes de roteiristas em programas de televisão e o uso de inteligência artificial na criação de roteiros.

Os termos do acordo não foram imediatamente divulgados, mas, na última greve da categoria, em 2008, o acerto entre as partes foi aprovado por 90% dos membros do sindicato.

Sindicatos dos atores mantém paralisação

Por outro lado, o Sindicato de Atores de Hollywood (SAG-AFTRA), que representa cerca de 160 mil profissionais de cinema e televisão, ainda negocia o fim da greve.

"O SAG-AFTRA parabeniza o WGA pelo acordo preliminar com o AMPTP após 146 dias de incríveis força, resiliência e solidariedade nos piquetes", disse em nota o sindicato dos atores. "Continuamos comprometidos com o alcance dos termos necessários para os nossos membros." 

No comunicado, o SAG-AFTRA esclarece que continua a "exortar os CEOs dos estúdios, serviços de streaming e a AMPTP a voltar à mesa de negociações e firmar o acordo justo que nosso membros merecem e exigem".

A categoria de cerca de 65 mil profissionais está em greve desde 14 de julho, com os atores se juntando aos roteiristas nos piquetes e manifestações. Foi a primeira vez em que os dois sindicatos realizaram greves simultâneas.

O fim do impasse com os roteiristas veio após retomada nas negociações entre as duas partes na última quarta-feira, seguida de cinco dias de intensos debates. Segundo relatos, participaram das conversas os CEOs de empresas como Disney, Netflix, Warner Bros. Discovery e NBCUniversal. O acordo foi atingido sem a necessidade de intervenção de mediadores ou autoridades do governo federal.

Prejuízos bilionários

As paralisações também afetaram o trabalho de operadores de câmeras, assistentes de produção e outros trabalhadores do setor, como carpinteiros, floristas, figurinistas e inúmeras empresas de pequeno porte que prestam serviços às produções de cinema e televisão.

Segundo economistas, os prejuízos econômicos das greves na Califórnia e em outros estados que também abrigam locais de produção, como o Novo México, Geórgia e Nova York, seria de pelo menos 5 bilhões de dólares (R$ 24 bilhões).

As duas greves marcaram um momento histórico em Hollywood, com a força de trabalho criativa entrando em confronto direto com os executivos, num setor transformado pelos avanços tecnológicos, desde o surgimento dos serviços de streaming até a ascensão potencialmente paradigmática da inteligência artificial.

rc/av (AP, Reuters)