Russa acusada nos EUA de ser espiã admite conspiração
14 de dezembro de 2018Presa nos Estados Unidos desde julho, Maria Butina, acusada pela Justiça americana de atuar como agente secreta da Rússia, confessou durante uma audiência realizada em Washington na quinta-feira (13/12) ter cometido crimes no país.
A jovem de 30 anos aceitou a acusação feita pelos promotores de conspiração contra os EUA, crime pelo qual pode receber uma pena de cinco anos de prisão. Além disso, a espiã disse que irá colaborar com as autoridades para esclarecer o caso.
Butina admitiu que "procurou estabelecer linhas de comunicação não oficiais com os americanos que tem poder e influência sobre a política dos EUA". A operação teria começado em março de 2015, ainda na Rússia, e terminou em julho deste ano, quando Butina foi presa.
A agente russa se mudou para Washington em agosto de 2016 com um visto de estudante. No entanto, a chegada de Butina ao país alertou as autoridades americanas, que passaram a monitorá-la.
Butina conseguiu acesso a um dos mais poderosos grupos lobistas do Congresso americano, a Associação Nacional do Rifle (NRA). Para a organização, ela se apresentou como uma ativista russa que defendia o direito de portar armas. Butina posou para fotos com diretores da NRA e com integrantes do Partido Republicano.
Segundo a acusação, Butina e seu namorado, o político conservador americano Paul Erikson, usaram seus laços com a NRA para tentar organizar encontros entre os agentes russos e o então candidato presidencial Donald Trump.
O grupo russo de defesa ao direito de posse de armas, usado por Butina para estabelecer uma conexão com a NRA, é financiado em parte por Alexander Torshin, mandatário adjunto do Banco Central da Rússia e que tem laços estreitos com o presidente russo, Vladimir Putin.
Butina concordou em cooperar com os investigadores, provavelmente em troca de uma promessa de que ela será deportada para a Rússia.
Moscou retratou Butina como vítima de uma caça às bruxas e afirmou que ela só concordou em se declarar culpada porque "eles a quebraram". Seu advogado disse que a acusação de que Butina estava operando ilegalmente como uma agente estrangeira era um exagero – sua cliente buscava nas reuniões com autoridades russas apenas oportunidades de trabalho e contatos.
O caso de Butina, no entanto, está separado da investigação liderada pelo advogado especial Robert Mueller sobre possíveis intervenções russas na eleição presidencial americana de 2016.
PV/efe/lusa/afp/rtr/ap
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