Rússia prende diretor de maior usina nuclear da Europa
1 de outubro de 2022A Ucrânia acusou neste sábado (01/10) a Rússia de ter sequestrado o diretor da maior usina nuclear da Europa, em Zaporíjia. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Moscou confirmou a detenção do funcionário.
A empresa estatal Energoatom, que administra as usinas nucleares ucranianas, disse que tropas russas pararam o carro de Ihor Murashov na sexta-feira à tarde, quando ele estava a caminho da usina de Zaporíjia. Após ser vendado, os militares o levaram para um local desconhecido.
"A sua detenção põe em risco a segurança da Ucrânia e da maior usina nuclear da Europa", disse o presidente da Energoatom, Petro Kotin, exigindo a liberação imediata de Murashov. Segundo ele, o diretor é o responsável pela segurança nuclear e de radiação da usina.
A Rússia não se pronunciou sobre a acusação. No entanto, a AIEA disse que foi informada por Moscou que o diretor da usina nuclear foi detido para um interrogatório. "A AIEA procurou esclarecimentos junto às autoridades russas e foi informada que o diretor-geral da usina nuclear de Zaporíjia foi detido temporariamente para responder a perguntas", disse o porta-voz da agência da ONU.
Temor de desastre nuclear
A usina de Zaporíjia tem sido um ponto central na invasão da Ucrânia pela Rússia. Ela está ocupada desde o início de março. A situação no local tem causado preocupação generalizada desde o início da guerra, com ucranianos e russos se acusando mutuamente de ataques contra o complexo, que podem causar um desastre nuclear.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, pede que a usina e o seu redor se tornem uma região desmilitarizada. A Ucrânia condenou a "detenção ilegal" do diretor. "O crime é mais um ato de terrorismo estatal da Rússia e representa uma grave violação do direito internacional. A Rússia precisa libertá-lo imediatamente", afirmou o Ministério do Exterior da Ucrânia em comunicado.
A usina nuclear fica num dos territórios ucranianos que foram ilegalmente anexados pela Rússia na sexta-feira. A medida – ilegal e duramente condenada pela comunidade internacional – marca uma escalada no conflito e dá início a uma fase imprevisível, sete meses após a invasão da Ucrânia por Moscou.
cn (Reuters, AFP, Lusa)