Rússia vigiou ex-espião durante anos, diz Reino Unido
13 de abril de 2018O ex-espião russo Serguei Skripal – que foi envenenado no mês passado na Inglaterra, junto com a filha Yulia – foi espionado pelo serviços secretos russos durante ao menos cinco anos, afirmou o governo britânico nesta sexta-feira (13/04).
A acusação foi feita numa carta enviada pelo conselheiro nacional de Segurança do Reino Unido, Mark Sedwill, ao secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
"Segundo as nossas informações, o interesse dos serviços de informação russos pelos Skripal remonta a pelo menos 2013, quando contas de e-mail pertencentes a Yulia Skripal foram visadas por ciber-especialistas do GRU", diz o documento, que cita o serviço de informação militar russo.
Skripal e a filha foram encontrados inconscientes no dia 4 de março em Salisbury, no sul de Inglaterra. Moscou nega qualquer envolvimento no envenenamento do ex-espião.
O ex-espião e a filha permaneceram em estado crítico durante mais de um mês, até que, na semana passada, Yulia se recuperou. Ela recebeu alta nesta terça-feira. Serguei Skripal, por sua vez, não está mais em estado crítico, mas permanece hospitalizado.
Nesta semana, investigadores da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) confirmaram conclusões do governo britânico de que o pai e a filha foram envenenados com um agente nervoso. O Reino Unido havia identificado a substância como o agente Novichok, criado na União Soviética nos anos 1970 e 1980.
O caso Skripal provocou uma crise diplomática, que resultou na expulsão de 150 diplomatas russos de vários países ocidentais, incluindo Estados Unidos e dois terços dos países membros da União Europeia. Moscou, por sua vez, respondeu na mesma moeda.
Serguei Skripal, de 66 anos, é um antigo coronel da espionagem militar russa que foi condenado em 2006 a 13 anos de prisão por alta traição. Ele foi acusado de ter agido a partir dos anos 1990 como um agente duplo, colaborando com os serviços de espionagem britânicos do MI6.
Em 2010, ele foi solto em uma troca com espiões russos que haviam sido presos nos Estados Unidos, em um episódio que lembrou antigos casos ocorridos durante a Guerra Fria.
Após a troca, Skripal foi levado ao Reino Unido e se instalou em Salisbury, onde aparentemente levava uma vida tranquila.
Após a divulgação do episódio, a imprensa britânica imediatamente fez referências ao caso envolvendo o envenenamento de outro ex-espião russo, Alexander Litvinenko, cuja morte em 2006 lançou luz sobre a perseguição a ex-agentes russos que procuraram refúgio no exterior. Litvinenko foi envenenado com a substância radiativa polônio-210, que foi colocada em uma xícara de chá em um hotel de Londres.
JPS/efe/lusa
----------------
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App