Rússia
3 de maio de 2006Quão livre é a mídia russa atualmente? Para esta pergunta não há uma resposta simples. As mídias de massa eletrônicas acessíveis à maior parte da população, como a televisão e o rádio, não são livres. Depois que as últimas redes independentes de TV (NTV e TV6) foram fechadas, a televisão estatal monopolizou a mídia com sua propaganda primitiva, considerada por alguns críticos como pior do que a TV soviética dos anos 70.
Nenhum opositor político tem lugar e nenhum programa político é transmitido ao vivo. No lugar de uma programação crítica, horas e mais horas de programas de entretenimento e representações romantizadas de nostalgia soviética.
A situação não é muito melhor nas rádios russas. Transmissoras independentes, como a conhecida Eco de Moscou, trabalham sempre sob forte pressão da censura e sob autocensura. A produção de rádios estrangeiras em língua russa (como a BBC, a DW-RADIO ou a RFI) é despolitizada por meio da estratégia de fragmentação de conteúdo para fins de retransmissão pelos rebroadcasters.
Na mídia impressa, entretanto, o quadro é outro e alguns jornais independentes conseguem atingir um número relativamente bom de leitores. Na internet, a situação também é completamente diferente. Não só no domínio russo, o chamado “runet”, mas também em inúmeras páginas internacionais em língua russa, encontra-se um leque extenso de opiniões políticas, como acontece no mundo livre.
A “única” diferença é que um jornalista independente pode sofrer agressões físicas e até ser assassinado pela expressão de suas opiniões, sem que o Estado esclareça o caso.
Vale, então, uma pequena fórmula: existe ainda a liberdade da palavra na Rússia, mas aqueles que dela fazem uso pagam um preço alto. E a sociedade de forma geral, alienada pelo monopólio da TV, não registra este preço.