Sarajevo recorda 20 anos do início da Guerra da Bósnia
6 de abril de 2012As tensões entre grupos étnicos durante o desmantelamento da Iugoslávia fizeram-se presentes também na Bósnia. Após o reconhecimento da independência da Bósnia pela União Europeia em 6 de abril de 1992, milhares de bósnios muçulmanos, sérvios cristãos ortodoxos e croatas católicos participaram na capital Sarajevo de uma manifestação em massa pela paz e pela soberania, quando franco-atiradores sérvios abriram fogo contra a multidão.
Este é considerado o início da Guerra da Bósnia – que transformou a república dos Balcãs num campo de batalha por quase quatro anos – e do cerco a Sarajevo, que só terminaria definitivamente em fevereiro de 1996. A princípio, todas as tentativas por vias militares ou diplomáticas de furar o bloqueio fracassaram.
Sarajevo como refém dos nacionalistas sérvios
Com o apoio do Exército Popular Iugoslavo, comandado pela Sérvia, e do governo sérvio sob a presidência de Slobodan Milosevic, Sarajevo foi sitiada por tropas servo-bósnias durante 44 meses, tendo sido bombardeada diariamente a partir das montanhas circundantes, por vezes com centenas de projéteis.
Os 380 mil habitantes da capital ficaram sem energia, água e aquecimento. Desses, 11.541 foram mortos durante o assédio a Sarajevo. Em memória desses mortos, 11.541 assentos vermelhos vazios foram dispostos ao longo de 800 metros da rua principal da cidade.
"Esta cidade precisa de uma pausa para honrar seus cidadãos mortos", disse o organizador da "Linha Vermelha de Sarajevo", Haris Pasovic. Somente um massacre na praça do mercado de Sarajevo, em fevereiro de 1994, provocou a morte de 68 pessoas.
Massacres e limpeza étnica
Um ataque ao mercado que matou 37 pessoas, em agosto de 1995, desencadeou os ataques da Otan (organização do Tratado do Atlântico Norte) contra o cerco sérvio – o que criou a base para o fim da guerra e do bloqueio. Em 1996, a ponte aérea humanitária para o abastecimento da população pôde ser encerrada.
Quase 100 mil pessoas foram mortas e mais de 2,2 milhões tiveram de fugir durante a Guerra da Bósnia, entre 1992 e 1995. Em julho de 1995, ocorreu na zona protegida pela Organização das Nações Unidas (ONU) Srebrenica um massacre considerado um dos piores na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Milícias servo-bósnias mataram 8 mil homens e jovens muçulmanos na ocasião.
Também pela primeira vez desde a Segunda Guerra, viu-se novamente durante a Guerra da Bósnia a limpeza étnica no continente europeu.
CA/afp/dapd/dpa
Revisão: Luisa Frey